(*) Fernando Benedito Jr.
“Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”. A frase esquisofrênica da ex-presidente Dilma Rousseff é bem ilustrativa do debate deste domingo promovido pelo pool de emissoras e jornais entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro. Ganhou o novo formato, que tornou o debate mais dinâmico e atraente. O resto foi mais do mesmo e sem qualquer possibilidade de mudar a opinião do eleitor. É mais provável que eventos externos como as agressões ao catolicismo e o episódio do “pintou um clima” tenham mais interferência no pleito do que o debate.
Bolsonaro repetiu as mesmas mentiras, acusações e pautas conservadoras construídas em cima de fake news e Lula perdeu boas oportunidades de conter danos e ser mais afirmativo. Possivelmente abalado pelo episódio com as meninas venezuelanas e a associação com pedofilia, Bolsonaro tenha perdido tanto tempo em atacar a Venezuela e assim tentar atingir Lula. A maior parte do tempo que lhe coube ao final do debate foi para falar sobre Nicarágua, Cuba e, principalmente, Venezuela. Um discurso vazio que só satisfaz a bolha bolsonarista sedenta de ódio e xenofobia.
Depois da onça morta (coitada da onça e do meio ambiente), os comentaristas avaliam que os candidatos podiam ter feito isso e aquilo, deveriam ter abordado este ou aquele assunto, aprofundado em tal tema. Não adianta mais. O leite já foi derramado e o tempo perdido.
No mais, são avaliações desnecessárias e meros exercícios de futurologia, que Dilma predisse muito bem. Rrsrsrs.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.