Cidades

Criança hiperativa está sem escola desde 2008

Maria Aparecida tem procurado a Administração Municipal constantemente para a solução do problema

 

IPATINGA – O filho da frentista Maria Aparecida Mesquita Gomes está sem frequentar as aulas desde 2008. O menino de 14 anos teve que deixar os estudos depois que foi diagnosticado com déficit de atenção, hiperatividade e transtorno bipolar.
Ele passou por três escolas: Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, Escola Municipal Padre Cícero de Castro e Escola Municipal Maria Conceição Pena Rocha. Em todos os centros educacionais, Maria Aparecida se deparou com o mesmo problema: falta de um profissional adequado para cuidar do filho. Maria informou que as escolas dizem que seu filho é agitado, que conversa muito e que em algumas vezes se torna um pouco agressivo.
De acordo com ela, a direção das escolas se recusou a manter o menor matriculado, alegando que ele perturbava o convívio. “Meu filho tem um transtorno de déficit de atenção, é hiperativo e tem transtorno bipolar. A Prefeitura Municipal de Ipatinga alega que eles não têm profissional adequado para lidar com ele. E foi pedido que eu o retirasse da escola até que a situação fosse resolvida. Só que ainda não definiram nada e meu filho está sem estudar desde 2008”, contou a frentista.
Maria Aparecida informou ainda que procurou a administração municipal por várias vezes para tentar solucionar o impasse, mas obteve a mesma resposta. “Já estive na Prefeitura várias vezes e eles me mandam esperar e falam que vão me dar uma resposta. Falaram até que a situação dele já estaria na Promotoria Pública de Ipatinga, mas a verdade é que ainda não foi feito nada por ele”, disse a mãe do garoto.
Segundo ela, foram feitas tentativas de retornar o filho à escola. “Eu já tentei voltar com ele para a escola várias vezes. Mas eles não aceitam alegando que não tem gente para lidar com a situação dele, mas a questão é que ninguém faz nada. E eu ouço a mesma resposta há mais de três anos. Enquanto isso, o meu filho está deixando de aprender”, lamentou Maria Aparecida.

MÉDICO
O menor também precisa de um tratamento médico adequado, mas de acordo com informações de Maria Aparecida, a rede pública do município não dispõe dos medicamentos necessários. “Também não tem profissional na rede municipal para fornecer um tratamento médico. Os dois profissionais que atendiam meu filho já não estão mais na rede, que eram o André Luiz e a Ludmila”, contou a frentista.
Ela alegou não ter condições de custear um tratamento para o filho. “Não posso arcar com o custo dos medicamentos que ele usa porque tudo é muito caro. A Prefeitura falou que eles iam me fornecer a medicação, mas só que eles não me deram. Em um mês eu consegui os remédios gratuitos, mas no segundo mês eles me mandaram procurar a unidade de saúde. Mas se na unidade de saúde tivesse, eu não estaria procurando eles”, informou Maria.
A frentista lamentou a atual situação vivida pelo filho. “O meu menino está sem tratamento médico e também sem escola. Ele está sem tomar o medicamento porque eu não tenho condições de comprar esses remédios do tratamento, que são muito caros”, afirmou.

PRECONCEITO
Maria Aparecida acredita que o filho é vítima de preconceito pelo quadro clínico que apresenta. “Ele sofre preconceito pelas características dele. Muitos falam que vão me ajudar a resolver os problemas dele. Hoje eu estou correndo atrás de todo mundo, mas ninguém me ajudou ainda”, disse Maria.
Ela afirmou ter recebido conselhos maldosos de algumas diretoras das escolas por onde seu filho passou. “Tem pessoas das escolas por onde ele passou que já me disseram coisas absurdas, sugerindo que eu levasse meu filho no centro de macumba ou ao centro espírita. E na última escola que ele passou disseram que era para eu virar dinheiro porque ele precisava de um tratamento psiquiátrico, já que estava ficando louco”, comentou a frentista.
Para Maria, a discriminação existe porque a rede municipal de ensino não está preparada para receber alunos como seu filho. “Já houve até agressão de professoras contra meu filho. Ele é discriminado nas escolas porque eles não estão preparados para lidar com esses problemas. Eles ignoram meu filho na escola, ele pode até ter 50% de culpa, mas toda a culpa não deve ser atribuída a ele”, considerou Maria Aparecida.

AJUDA
A mãe do menor alega que o problema do filho está desencadeando outras dificuldades. E que as situações poderiam ser facilmente sanadas se a administração municipal oferecesse um acompanhamento adequado.
“Ele não tem nenhum problema com droga, ele sabe ler, escrever e é muito inteligente. Ele tem um problema de hiperatividade, a escola não quer aceitá-lo, ele não faz o tratamento adequado porque eu não tenho dinheiro e ele ainda sofre preconceito. Se ele pudesse estudar e se tratar, tudo seria resolvido”, conclui Maria.

 

O QUE DIZ A PMI
A Secretaria de Educação informou por meio de nota que não tem registro formal da família do estudante em busca de solução desta demanda. Ressaltou ainda que todos os alunos devem estar devidamente matriculados na rede.
E que a direção do departamento pedagógico, localizada no 3º andar da Prefeitura de Ipatinga, orienta os responsáveis pelo aluno a procurar a diretora do departamento para tomar as providências devidas. A política da administração municipal é manter na escola todos os estudantes.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com