quarta-feira, novembro 27, 2024
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Covid-19 em Ipatinga: E agora, o quê nos espera no pós-eleições?

Contaminação avança em Ipatinga e já matou quase um em cada mil munícipes, sob omissão dos gestores

(*) Márcio Castro

Ipatinga continua enfrentando grave epidemia de COVID, com piora de indicadores no último mês, apesar de silêncio e conivência dos governantes.

A epidemia de COVID avançou no Vale do Aço de forma muito acelerada nos meses de maio e junho, logo após o relaxamento do isolamento por ocasião dos feriados de final de abril. Nos meses de julho e agosto, atingimos pico de novos casos e de mortes. Passado o pico e queda relativa dos indicadores, Ipatinga manteve um platô ainda elevado e sem tendência de queda nos meses de setembro e outubro.

Desde final do mês de outubro, foi observado aumento do número de mortes por COVID, configurando a terceira pior semana (18-24/10/20), desde o início da epidemia. Corroborando com essas taxas, o número de casos ativos manteve-se muito elevado, sempre acima de 200 casos por 100 mil habitantes. Para órgãos internacionais, o risco é considerado baixo quando este indicador estiver abaixo de 50 (ou 20) por 100 mil.

Nas vésperas das eleições, observamos números críticos de COVID, apesar do silêncio do gestor municipal, que parou de emitir relatórios diários. O mesmo se observa em nível estadual, que por vários dias da última semana não divulgou os números de casos e mortes. Atualmente, observamos piora expressiva das taxas de ocupação de leitos hospitalares destinados a portadores de COVID, com lotação de UTI’s e aumento em mais de 50% do número de pacientes internados nos últimos 15 dias (subindo de 43 a 67, segundo PMI, mas provavelmente não expressando fielmente a realidade observada). Pois, curiosamente, a despeito do aumento da ocupação de leitos de enfermaria e UTI’s, a PMI divulga irregularmente queda do número de novos casos e óbitos.

E chegamos à véspera das eleições com uma taxa per capita de mortalidade e de adoecimento por COVID na cidade de Ipatinga extremamente elevada. Chegamos a 86 mortos por 100 mil habitantes (equivalente à morte de 0,9 para cada mil ipatinguenses). E mais de 260 casos ativos para cada 100 mil habitantes. Números muito piores que as médias nacionais e equiparável aos piores países do mundo. No Brasil, temos taxa de mortes de 78 por 100 mil habitantes e 126 casos ativos para cada 100 mil brasileiros. O Brasil é hoje o 7º pior país em taxa per capita de mortes e Ipatinga tem indicadores piores que o 5º pior país.

Apesar de números assustadores, UTI’s lotadas, taxas per capita de casos e mortes assombrosos, assistimos atônitos ao silêncio do prefeito-candidato e do governo estadual. De forma semelhante, vários candidatos e apoiadores circulando intensamente pelas ruas sem medidas de precaução para COVID, que refletem na sociedade, com comércios e bares igualmente cheios e sem cuidados minimamente esperados para um grave contexto pandêmico.

E agora, o quê nos espera no pós-eleições?

(*) Marcio Castro é médico infectologista.

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