Policia

Corregedoria inverte investigações sobre sumiço dos jovens no Paraíso

Comitê Rodrigo Neto

PARAÍSO – As investigações do sumiço de quatro jovens do bairro Cidade Nova em Santana do Paraíso, ocorrido em fevereiro de 2012, tomaram rumos diferentes nas investigações. A Subcorregedoria da Polícia Civil acredita que o desaparecimento esteja intimamente ligado ao assassinato da única testemunha ocular dos fatos, Rafaela Miranda de Jesus, 19 anos, morta três meses depois que os meninos sumiram.
A dificuldade em descobrir quem desapareceu com os jovens levou a Corregedoria a inverter a condução das investigações. De acordo com o subcorregedor Élder D’ângelo, que apura o caso desde o ano passado, a investigação partirá do pressuposto de que Rafaela foi morta como queima-de-arquivo, para evitar que a polícia chegasse à autoria do desaparecimento dos quatro jovens.
“Vamos ter que inverter a ordem dos fatos. A Polícia Civil primeiro está apurando o assassinato de Rafaela, que era testemunha ocular nas investigações do desaparecimento dos jovens. Se chegarmos à autoria da morte dela vai ficar mais fácil desenrolamos o sumiço dos meninos”, explica.
O subcorregedor Geral da Polícia Civil conta que já tem em mãos alguns dados que irá permitir a análise do caso. “Foi pedido a quebra de sigilo telefônico de algumas pessoas, junto com cruzamento de dados de suspeitos. Essas informações já estão comigo, agora vou analisar e ver quais serão os próximos passos”, frisou.

SOBRE OS JOVENS
Sobre o desaparecimento dos quatro jovens, ele disse que o caso caminha a passos lentos, mas não está parado. O responsável pelas investigações informou que entre nos dias 12 e 14 de agosto foram ouvidas nos fóruns de Ipatinga e Coronel Fabriciano, algumas testemunhas direcionais, que irão contribuir com o desenrolar das investigações. “O grande problema desse caso é que a nossa única testemunha ocular sobre o crime, prestou um depoimento e acabou sendo assassinada. Mas, vamos continuar ouvindo outras pessoas que não presenciaram o crime, mas podem nos direcionar com pistas”, concluiu.

RELEMBRE
Os dois casos constam no dossiê Rodrigo Neto e ganharam maior repercussão após a morte do jornalista em março do ano passado. No dia 29 de fevereiro de 2012, quatro jovens entre 13 e 19 anos foram vistos pela última vez no bairro Cidade Nova em Santana do Paraíso e nunca mais foram encontrados: nem vivos e nem mortos.
Os quatro garotos estavam em uma casa em construção fazendo uso de drogas. Rafaela Miranda viu a abordagem e um carro da Polícia Civil levando os rapazes. À época, a jovem concedeu uma entrevista a uma jornalista da região sob a condição de não mostrar o rosto, temendo represálias. Não adiantou. Rafaela acabou assassinada no dia 1° de maio de 2012 por uma dupla numa moto.
Na entrevista Rafaela disse que estava na casa com os garotos identificados como Jonathan, Vitinho, Luciano e Wesley, quando um homem parou na porta e se identificou como policial civil. “Ele mostrou a arma, disse que era policial e pediu para que eu levantasse a blusa e depois me liberou (…) mas, vi quando dois homens desceram do carro, entraram na casa, amarraram os meninos e os colocaram no porta- malas. Depois não vi para onde foram”, relatou Rafaela à jornalista, na época.

SILÊNCIO
Um grupo de jornalistas que integra o Comitê Rodrigo Neto foi ao local dos fatos. Na rua onde Rafaela morava ninguém disse ter sequer ouvido falar o nome dela, apesar dos moradores alegarem que residem há mais de cinco anos no local.
A casa onde os jovens estavam virou uma residência habitável (ao contrário do dia do desaparecimento). Mas, todos nas proximidades preferem a “lei do silêncio” e dizem que nem ao menos se lembram do que aconteceu.
Após a Polícia Civil de Ipatinga não conseguir desvendar o mistérios dos dois episódios – o desaparecimento e o assassinato de Rafaela –, os casos foram repassados para a Corregedoria da Polícia Civil, porém, mais de um ano se passou e não há qualquer avanço concreto sobre os suspeitos pelos dois crimes.

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