domingo, novembro 24, 2024
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Conta do desastre de Bolsonaro chega e gasolina volta a passar dos R$ 5

Preço é reajustado pela terceira semana consecutiva. Estados já perderam R$ 14,4 bilhões em arrecadação no terceiro trimestre, desde a vigência do teto do ICMS inventado por Bolsonaro; perspectiva dos analistas do mercado financeiro é de que os reajustes se intensifiquem

SÃO PAULO – Passado o período eleitoral, a conta da campanha de Jair Bolsonaro começa a chegar. O preço da gasolina já passa dos R$ 5 em pelo menos nove estados e o Distrito Federal, após o terceiro reajuste consecutivo. É o que mostra o relatório semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). O combustível foi vendido na semana passada por R$ 4,91 em média, com alta de 0,6% em relação à semana anterior.

A perspectiva dos analistas do mercado financeiro é de que os reajustes se intensifiquem, pois a Petrobrás passou dois meses represando os aumentos nas refinarias como parte do esforço da campanha derrotada. Agora, é preciso prestar contas aos acionistas retomando a política do Preço de Paridade de Importação (PPI), suspensa por Bolsonaro apenas temporária e eleitoralmente.

COTAÇÃO INTERNACIONAL

Em reunião do Conselho de Administração da Petrobrás na semana passada, a direção bolsonarista da companhia garantiu que os preços estão alinhados às cotações internacionais. Com maioria dos integrantes aliada a Bolsonaro, o conselho não questionou.

Mas na segunda-feira (31), a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calculava a defasagem da gasolina em 16%, ou R$ 0,63 por litro. É a maior defasagem no preço da gasolina desde 15 de junho. Já o óleo diesel estava 25%, ou R$ 1,62 abaixo da paridade de importação. A maior defasagem desde 29 de abril.

Ao mesmo tempo, também começa a chegar nos estados a conta do teto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O truque foi sancionado por Bolsonado em junho, enquanto os preços da gasolina e do diesel atingiam patamares jamais pagos desde que a ANP começou a fazer o levantamento, em 2004.

PAGANDO A CONTA

Entre 27 de junho, quando os estados começaram a adotar as novas alíquotas, e o fim de julho, a arrecadação com o ICMS sofreu queda de 30%. Em 11 dos 18 estados que prestaram contas ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) até 15 de agosto, a arrecadação não acompanhou a inflação do período, que permanecia em dois dígitos.

Em seu Boletim de Arrecadação de Tributos Estaduais, o Confaz revela que os governos estaduais perderam R$ 14,4 bilhões no terceiro trimestre deste ano com as desonerações promovidas pelo desgoverno Bolsonaro às vésperas das eleições. Houve recuo de 1,2% em relação ao mesmo período de 2021, primeira queda do ano.

Se for considerada a inflação do período, a perda dos estados chega a 8%, ou R$ 14,4 bilhões. A arrecadação no setor de petróleo, combustíveis e lubrificantes recuou 11%, considerando a inflação. No setor de energia elétrica, a redução foi de 38%.

Nas telecomunicações, setor que ainda não repassou a desoneração integralmente para os consumidores, a queda real ficou em 28%. De quebra, os dados também mostram queda real da arrecadação no comércio, travado pelo empobrecimento, endividamento e juros de dois dígitos. A queda foi de 1% no ramo atacadista e de 4% no varejista.

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