(*) Wanderson R. Monteiro
Vivemos numa era marcada pelo comodismo na busca pelo conhecimento, onde a disseminação de ideias superficiais e o conformismo com o senso comum moldam a compreensão de mundo da maioria das pessoas. Não é novidade que a nossa sociedade, há tempos, tem sido influenciada por fontes duvidosas, deixando a busca pessoal por conhecimento em segundo plano. Isso, quando essa busca é cogitada.
A educação, que deveria ser um farol nessa busca pela verdade, muitas vezes tem se rendido à conveniência de ideais preestabelecidos, prejudicando a formação daqueles que almejam ser pessoas bem instruídas, capazes, críticas e independentes. Nas faculdades e instituições acadêmicas, a situação não é diferente, em muitos casos pode ser observada uma tendência, no mínimo preocupante, onde o pensamento divergente, diferente dos demais, é muitas vezes suprimido em favor das ideias e ideologias dominantes, destruindo a pluralidade de perspectivas, que é extremamente necessária para uma compreensão mais completa e abrangente sobre o mundo.
Também não é novidade para ninguém que a falta de abertura para discussões francas e o cerceamento de ideias comprometem a liberdade de pensamento, que é fundamental para o progresso intelectual, pessoal e, consequentemente, para o progresso da sociedade como um todo. O acesso ao verdadeiro conhecimento não é fácil, pois exige um esforço consciente para superar as barreiras impostas por uma mentalidade de rebanho, onde a conformidade é, erroneamente, vista como o correto, ou, pelo menos, o caminho mais fácil.
Em sua “Apologia”, Sócrates já alertou sobre a dificuldade de desmantelar grandes mentiras em pouco tempo. Ele falava das mentiras propagadas sobre si mesmo, mas isso também pode ser aplicado à dificuldade de corrigir e desmascarar as falsas doutrinas e os falsos ensinos. Na atualidade, a busca pela verdade e pelo verdadeiro conhecimento se tornaram ainda mais importantes, por causa da avalanche de informações falsas e distorcidas que circulam e que recebemos a todo instante, seja através da televisão, sites de notícias ou redes sociais. Dessa forma, para não corrermos o risco de sermos facilmente manipulados, é muito importante que busquemos um conhecimento que vá além da narrativa predominante, que vá além daquilo que “todo mundo diz”.
Como indivíduos, e como sociedade, precisamos abraçar a responsabilidade pela busca do conhecimento, superando o comodismo que muitas vezes toma conta de nós, e que tanto nos atrapalha, mesmo que não percebamos. Somente através do acesso ao conhecimento é que poderemos voltar a sonhar com um futuro que supere a realidade na qual estamos vivendo.
(*) Wanderson R. Monteiro é jornalista e escritor
(dudu.slimpac2017@hotmail.com)
São Sebastião do Anta – MG