Cidades

Congresso do Aço constata que a siderurgia vive sua pior crise

DA REDAÇÃO – O 26º Congresso Brasileiro do Aço e a ExpoAço 2015, realizados em São Paulo no início deste mês evidenciaram a difícil situação da indústria brasileira do aço no enfrentamento da pior crise de sua história. O Congresso reuniu cerca de 500 congressistas, dentre os quais representantes da indústria do aço, governo, setores da cadeia metal-mecânica, bancos, empresas de consultoria, academia e parlamentares.

Tendo como pano de fundo a recessão econômica no País e a adversa conjuntura do mercado internacional do aço, as apresentações e debates ao longo do Congresso destacaram as seguintes questões:

• A conjugação de fatores conjunturais e estruturais acabou por reduzir drasticamente as atividades de setores intensivos em aço, impactando fortemente a demanda interna de produtos siderúrgicos e aprofundando o persistente processo de desindustrialização do País;

• Essa situação é agravada pelas importações diretas e indiretas de aço, na sua maioria provenientes da China e em condições de comércio desleal que não cumprem as regras da OMC. A indústria brasileira do aço pode registrar, em 2015, o 2º ano consecutivo de consumo decrescente, atingindo nível de 2007;

• No plano estrutural, fatores conhecidos como Custo Brasil, que fogem ao controle das empresas, mas que acabam por impactar os seus resultados continua reduzindo a competitividade sistêmica da indústria do aço e da indústria de transformação. Como consequência desse conturbado cenário, a indústria brasileira do aço opera com menos de 70% de sua capacidade instalada, o que a levou a paralisar/desativar equipamentos, demitir colaboradores e adiar investimentos;

• No mundo, o maior problema enfrentado pela indústria do aço é o excesso de capacidade de produção da ordem de 719 milhões de toneladas, que tem pressionado, globalmente, preços e margens. A maior parte deste excedente de capacidade encontra-se na China, país que conta, principalmente, com subsídios governamentais que propiciam vantagens de custos indevidas;

• As exportações de produtos siderúrgicos da China deverão atingir 100 milhões de toneladas este ano, o que corresponde a quatro vezes o consumo de aço no Brasil. As exportações chinesas para a América Latina cresceram 69% em dois anos, o que equivale à perda de cerca de 4 milhões de empregos, diretos e indiretos, nos países da região.

• Uma defesa comercial ágil e eficiente deve preservar o mercado interno das práticas desleais e predatórias que vem sofrendo com o aumento das importações diretas e indiretas de aço. Isonomia e equilíbrio nas relações comerciais com outros países são prioridades;

• A retomada do desenvolvimento do Brasil deverá ser liderada pela indústria, tendo como alternativa de curto prazo a implementação de políticas que efetivamente estimulem o comércio exterior. A agenda para o crescimento, para o período pós-ajuste, deverá priorizar os problemas estruturais do País, através de maciços investimentos em infraestrutura, da correção das assimetrias tributárias e da adoção de juros em padrões internacionais e de cambio competitivo.

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