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Começam reuniões prévias para escolher sucessor de Bento XVI

BRASÍLIA – No primeiro dia sem papa, os cardeais iniciam o processo informal das conversas prévias para a escolha de quem vai substituir Bento XVI, de 85 anos. Desde ontem (1º), o decano (o mais antigo) do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, de 85 anos, começa a organizar a fase preliminar ao conclave. A primeira reunião de cardeais preparatória do conclave, que vai eleger o sucessor do papa, está marcada para segunda-feira (4). Mas ainda não é o começo da cerimônia de substituição.

A reunião foi confirmada pelo arcebispo de Nápoles (Itália), o cardeal Crescenzio Sepe. A partir desta primeira reunião de cardeais é possível anunciar a data de início do conclave, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. A estimativa é que o rito comece no final da próxima semana. O prazo é dado para que todos os cardeais, que são eleitores, estejam presentes no Vaticano.

ANTECIPAÇÃO
Em 25 de fevereiro, às vésperas de deixar o pontificado, Bento XVI autorizou a antecipação do conclave, por intermédio do documento denominado motu próprio (por iniciativa própria). Tradicionalmente o Vaticano determina que o conclave comece no período de 15 a 20 dias, depois do início da sé vacante – expressão que designa que o lugar do papa está vago. A finalidade é permitir que todos os cardeais estejam presentes na eleição do sucessor e guardem o luto – em geral o papa é escolhido quando há morte daquele que está no pontificado.

COM CHAVE
Do latim, a palavra conclave significa com chave e é a reunião na qual os cardeais, que votarão na eleição para o novo papa, ficam enclausurados até a definição do sucessor. O grupo de eleitores é mantido isolado, sem contato externo. Há toda uma supervisão e um esquema de segurança para que isso ocorra. Do total de 209 cardeais, 115 estão aptos a votar.

Os cardeais que votam são aqueles que têm menos de 80 anos, dos quais cinco são brasileiros. Podem faltar apenas aqueles que justificarem a ausência ao Vaticano. O voto é manual e individual. Os cardeais escrevem a mão, em um papel retangular, o nome do escolhido, sendo que são orientados a disfarçar a letra. O papel é dobrado duas vezes e depositado em uma urna que fica no altar.

Não há prazo definido para o período de conclusão do conclave. A eleição do novo papa só ocorre se houver dois terços favoráveis do total de eleitores presentes. É possível fazer até 33 eleições. Caso não ocorra consenso, após esse número, é feita a eleição entre os dois mais votados.

Igreja entra em nova etapa, avaliam arcebispos brasileiros
Brasília –
A escolha do sucessor de Bento XVI poderá ser feita por até 115 cardeais, aptos a votar no conclave, dos quais cinco são brasileiros. O arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, dom Claudio Hummes, e o arcebispo de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, ressaltaram que a iniciativa de Bento XVI de renunciar dá início a uma nova fase na Igreja Católica Apostólica Romana.
“Creio que vai abrir novas portas, claro. A Igreja está em uma situação nova e, talvez, seja a oportunidade para outras coisas acontecerem para o bem da Igreja”, destacou dom Hummes, sem entrar em detalhes.

SURPRESA
Para o arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, mesmo após Bento XVI deixar o pontificado, ainda permanece uma sensação de surpresa entre os fiéis e religiosos. “Ninguém sabia [da renúncia], ninguém supunha. Isso nos tomou de surpresa. Inicialmente estavam todos perplexos. Ainda estamos perplexos, porque é um tempo novo, realidades novas; o conclave vai ser feito em uma situação nova, diferente dos conclaves anteriores.”

PROFECIA
Para dom Damasceno, o ato da renúncia de Bento XVI deve ser compreendido como algo “profético”. “É um gesto de humildade, de grandeza, coragem, porque o papa sabia das repercussões de seu gesto.”
O arcebispo de Aparecida destacou a sensação quase que inédita decorrente da ação de Bento XVI: “É algo inusitado que pegou a Igreja de surpresa, embora ele tenha feito alusões à possível renúncia. Mas uma coisa é fazer alusões, outra é renunciar mesmo. A gente nunca sabe se fato isto iria se concretizar. Ele deixou em aberto esta possibilidade. O gesto é profético neste cenário”.

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