O cineasta francês Jean-Luc Godard ícone da nouvelle vague francesa morreu nesta terça-feira, aos 91 anos. Ele recorreu ao suicídio assistido, não por estar doente, mas muito cansado, de acordo com o relato de um familiar ao jornal francês “Liberation”. A prática é permitida na Suiça, onde Godard vivia.
O diretor por trás de uma revolução no cinema veio de uma família de banqueiros riquíssima, mas procurou se afastar por completo dessa riqueza e foi como operário que financiou seu primeiro curta-metragem.
Mais tarde, já morando em Paris, ele roubou do avô um exemplar de u livro autografado por Paul Valéry especialmente para o avô, de quem era muito amigo. Godard podia ter pedido dinheiro em casa, mas preferiu o furto. Era sua forma de mostrar o desejo de independência.
Quando escreve seu primeiro artigo para a já mundialmente famosa revista “Cahiers du Cinema”, há 70 anos, deu ao seu texto o nome de “Defesa e Ilustração da Decupagem Clássica”. Expunha ali as virtudes dos filmes feitos e montados à maneira clássica, pois, como explicitaria quatro anos mais tarde, a montagem e a direão de um filme são a mesmíssima coisa.
Considerado um dos principais cineastas do movimento Nouvelle Vague (ou Nova Onda) do cinema francês, Jean Luc-Goddard, construiu ao longo de 70 anos de carreira um legado estético de criatividade e inovação por meio da sétima arte.
Entre suas principais obras destacam-se:
1. Acossado (1960)
Acossado, o primeiro longa-metragem do diretor, é um filme a preto e branco de drama policial. A narrativa segue a história de Michel, um criminoso que está fugindo da polícia, depois de matar e roubar.
2. Uma Mulher é uma Mulher (1961)
O musical de comédia e romance foi o primeiro filme a cores do diretor e teve como inspiração um longa-metragem norte-americano da década de 30, Sócios no Amor,de Ernst Lubitsch. Angela e Émile são um casal de namorados que se encontra numa situação complexa: ela sonha engravidar, mas ele não deseja ter filhos.
3. Viver a Vida (1962)
O drama Viver a Vida é protagonizado por Anna Karina, estrela do cinema com a qual o diretor foi casado entre os anos de 1961 e 1965. Ela interpreta o papel de Nana, uma mulher jovem que abandona o marido e o filho para partir em busca do seu grande sonho: construir uma carreira de sucesso como atriz.
4. O Desprezo (1963)
O drama protagonizado por Brigitte Bardot foi inspirado na novela homônima do autor italiano Alberto Moravia. Paul e Camille se mudam para Roma quando ele é contratado para trabalhar como roteirista no novo filme do diretor austríaco Fritz Lang (interpretado por ele mesmo). Em crise, se distancia ainda mais por causa da mudança.
5. Banda à Parte (1964)
O longa-metragem, baseado no romance Fool’s Gold (1958) de Dolores Hitchens, é uma obra de drama e comédia que utiliza elementos do cinema noir.
6. Alphaville (1965)
Obra de ficção científica, o filme é uma distopia com características originais: embora a história se passe no futuro, o longa-metragem foi filmado nas ruas de Paris, sem adereços nem efeitos especiais.
7. O Demônio das Onze Horas (1965)
Inspirado na obra Obsessão, do norte-americano Lionel White, o drama é considerado um filme fundamental no cinema da Nouvelle Vague. A história de romance e tragédia se foca nos meandros do desejo e dos relacionamentos amorosos.
8. Masculino, Feminino (1966)
O longa-metragem franco-sueco de drama e romance, baseado em duas obras do francês Guy de Maupassant, é considerado um retrato de Paris durante a década de 60..A obra foi produzida durante as agitações sociais que antecederam o movimento estudantil do maio de 68.
9. Adeus à Linguagem (2014)
Adeus à Linguagem é um filme experimental de drama no formato 3D.A narrativa conta a história de uma mulher casada que vive um romance proibido com outro homem. Uma das características mais proeminentes do longa-metragem é o fato dos personagens serem interpretados por dois pares de atores.
10. Imagem e Palavra (2018)
A obra é uma colagem de vídeos, cenas de filmes, quadros e músicas acompanhada por uma narração em voz off. Ao mesmo tempo que se debruça sobre os eventos históricos marcantes dos últimos séculos, o longa-metragem pensa o próprio papel da arte cinematográfica