quinta-feira, junho 19, 2025
spot_img
InícioOpiniãoCéu vira principal teatro da guerra Israel-Irã

Céu vira principal teatro da guerra Israel-Irã

Campo de batalha se transforma também em disputa pelo controle da informação e da opinião pública

(*) Fernando Benedito Jr.

Não só por questões religiosas e da eterna dicotomia com o inferno, mas o céu virou o principal cenário da disputa na guerra Israel Irã. Seja pelo espaço onde trafegam misseis, drones e caças, ou os feixes de satélites de internet, em grande parte controlados pela Starlink, de Elon Musk.

Em meio aos ataques e explosões, o conflito se trava também na mídia, um teatro de operações, onde como sempre, a verdade é a primeira baixa. Bravatas, mentiras, ofensas, ameaças e ultimatos compõem a retórica neste front da guerra. Israel diz que controla os céus de Teerã, que interceptou toda a carga de mísseis e drones do inimigo, que eliminou comandantes militares, deixou acéfalo o exército iraniano e as lideranças islâmicas sem conselheiros militares.

Do outro lado, o Irã diz que o céu de Israel está controlado, que os mísseis atingiram os alvos, que a destruição do país inimigo é iminente. O Irã informa que abateu pelo menos 4 caças israelenses – mas não se viu nenhum avião destruído.

Todo mundo está vencendo a guerra, exceto o povo que padece sob a artilharia pesada de ambos os lados.

Observadores e analistas, os próprios governos e militares islâmicos e sionistas, exibem números de baixas, de preferência de civis e crianças para mostrar a desumanidade um do outro. A ideia é confundir ao máximo a opinião pública, tentar ganhar apoio e elevar o moral das tropas e da população. É a outra parte da estratégia da guerra.

Não à toa a emissora estatal iraniana foi alvo de um míssil e sua apresentadora transformada em heroína. Nesta quinta (18/06), a Irna, principal agência de notícias persa estava fora do ar. Possivelmente, também alvo de Israel ou de sabotagem pelos satélites Starlink – o mais provável. “Elon Musk entrou oficialmente na guerra contra o regime do Irã.

Com o país sob apagão digital, o bilionário ativou o sinal de internet via satélite da SpaceX para o povo iraniano — numa jogada direta contra o regime dos aiatolás”, diz a Sinagoga Anussim Brasil no Youtube.

Em Israel, as principais fontes de informação, talvez protegidas pelo Domo de Aço (e também por Elon Musk), continuam em operação, mas bombas continuam caindo em Jerusalém, Haifa e arredores, segundo a própria mídia israelense, embora o IDF (Forças de Defesa de Israel) diga que foram interceptadas em sua maioria.

Na guerra da desinformação, a Agência de Notícias Iraniana Tasnim relatou “interrupções de sinal via satélite” no noticiário da emissora iraniana. Na transmissão das 21h, foi relatado que “se os espectadores virem imagens inapropriadas, é porque o regime sionista está interferindo nos sinais de satélite”.

Ao mesmo tempo, circularam nas redes sociais imagens de uma suposta invasão da transmissão, com telas de televisão exibindo vídeos contra o regime iraniano em vez da transmissão normal. Outros relataram um apagão total da internet em todo o Irã.

Neste front da guerra, a situação é mais confusa que os bombardeios. E a disputa pelo controle da informação exige que se tenha cautela e visão crítica.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -spot_img

Most Popular

Recent Comments