sábado, novembro 23, 2024
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Censo 2022 registra poucos indígenas na região

Território foi densamento povoado por povos originários nas primeiras décadas do século XIX e motivou instalação de quartéis das Divisões Militares do Rio Doce

Foto: Indígenas Pataxós na aldeia em Carmésia

(DA REDAÇÃO) – As cidades do Vale do Aço registram pouca presença de indígenas conforme o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até as primeiras décadas do século XIX a intensa povoação indígena dos territórios onde hoje estão as cidades da região motivou a instalação de quartéis das Divisões Militares do Rio Doce, comandadas por Guido Marlière, para colocar fim aos conflitos entre os povos originários e os brancos ou entre as próprias tribos em disputa por territórios. No período entre 1810 e 1820 alguns destes quartéis foram instalados nos atuais municípios de Antônio Dias, Belo Oriente e Joanésia. Passados mais de 200 anos, o extermínio indígena promovido pelo governo colonial, com a chamada “guerra justa”, e pela invasão branca deixou poucos sobreviventes.

A resistência indígena, por outro lado, pode ser constatada em nível nacional pelo crescente aumento da população originária.

PAÍS E ESTADO

O Censo Demográfico 2022 mostrou que 1.693.535 pessoas se declararam indígenas no Brasil, correspondendo a 0,83% da população residente do país, distribuídas por 4.832 municípios. Os dados do “Censo 2022 Indígenas: Primeiros resultados” divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que no Censo de 2010, o IBGE contou 896.917 pessoas indígenas, o que correspondia a 0,47% da população residente no país, revelando que a população indígena variou 88,82% em 12 anos. O Censo 2022 encontrou um maior número de terras indígenas oficialmente delimitadas passando de 501 em 2010 para 573 no ano passado.

Em Minas Gerais o total de indígenas é de 36.699, o que significa 2,17% em relação a população total.

Indígenas Pataxós em aldeia em Carmésia – Crédito: Facebook

CIDADES

Nas cidades do Vale do Aço, a que registrou o maior número de pessoas que se declaram indígenas é Ipatinga, a mais populosa, com 185 para uma população total de 227,731. A proporção de indígenas na cidade é de 0,08%.

O município de Coronel Fabriciano tem 38 indígenas para uma população de 104.736 pessoas, o que equivale a 0,04% da população total.

Em Timóteo, 72 pessoas se declararam indígenas para uma população de de 81.579 pessoas, isto é 0,09% do total.

Em Santana do Paraíso, 16 pessoas se declaram indígenas para uma população total de 44.800, representando 0,04% do total.

Em Belo Oriente, que foi sede de um dos quartéis das Divisões Militares do Rio Doce nos anos 1800, o Quartel do Galo, o Censo registrou apenas 13 pessoas que se declararam indígenas para uma população total de 23.928 pessoas, representando 0,05%.

O município de Joanésia, outra localidade que no passado foi sede de quartel das Divisões Militares do Rio Doce, não registrou nenhuma pessoa que se declarasse indígena no último Censo. Com uma população de 4.329 pessoas a proporção de indígenas é de 0%.

PASSADO E PRESENTE

As cidades de Antônio Dias, Marliéria e Jaguaraçu tem sua história relacionada à presença indígena desde o seu surgimento. Entretanto, poucos restaram para contá-la sob seu ponto de vista. Em Antônio Dias foram registrados 4 indígenas para uma população de 9.219 pessoas (0,04%).

O Censo 2022 em Marliéria, cidade cujo nome homenageia o militar e civilizador francês Guido Marlière, registrou apenas 3 pessoas que se declararam indígenas para uma população total de 4.592, o que significa 0,07%.

Em Jaguaraçu, uma cidade onde a identidade indígena está no topônimo tupi, apenas 2 pessoas se declaram indígenas para uma população de 3.092 (0,06%).

Nos municípios de Naque (barro vermelho) e Ipaba (terra de muita água), cujos nomes tupis também remetem às origens indígenas, poucas pessoas se declaram assim. No Naque, foram 5 para uma população total de 6.303 (0,08%) e em Ipaba só 2 pessoas para uma população de 17.136 (0,01%).

RESISTÊNCIA

Em Açucena, município que está mais próximo da aldeia indígena pataxó em Carmésia, a presença de indígenas sobre para 65 pessoas, o que representa 0,73% da população total (8.943 pessoas).

O município de Carmésia, distante de Ipatinga cerca de 100 km, onde está localizada a aldeia Pataxó, é o que registra o maior número de indígenas com uma população de 468 pessoas para uma população total de 2.605, uma proporção de indígenas na cidade 17,97%.

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