Cidades

Cenibra e sindicatos querem diálogo para reduzir acidentes

Audiência pública da Comissão de Direitos Humanos foi realizada na manhã desta quarta-feira, solicitada pelo deputado Durval Ângelo

 

BH – O presidente da Federação dos Trabalhadores das Indústrias Extrativas do Estado (Ftiemg), José Maria Soares denunciou, à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o aumento do índice de acidentes de trabalho envolvendo funcionários das empresas terceirizadas da Celulose Nipo Brasileira (Cenibra). Ele participou da audiência pública da comissão, na manhã desta quarta-feira (11/7/12), solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT), para debater ocorrências de possíveis afrontas aos direitos dos trabalhadores da empresa.
José Maria destacou que há insegurança e precariedade nas condições de trabalho nas empresas terceirizadas. Segundo ele, não existe respeito aos direitos trabalhistas e os empregados são submetidos a excesso de peso e condições inadequadas de alimentação, transporte, vestuário e saúde. O presidente do Ftiemg lembrou que existem ações civis públicas com sentenças de condenação contra a Cenibra, que não têm sido cumpridas pela empresa. “Precisamos que seja estabelecido um diálogo para que a realidade mude”, cobrou.
A engenheira de Segurança do Trabalho e representante do Sindicato da Extração Vegetal (Sindex), Marta de Freitas, lembrou que os problemas trabalhistas ocorrem no setor há mais de duas décadas. Ela fez críticas à Cenibra, alegando que existe um abismo entre o que a empresa diz e o que acontece na prática.
O advogado do Sindex, Luciano Magalhães Pereira, defendeu um novo modelo de terceirização na Cenibra e no País. Para ele, é preciso que sejam preservadas as condições de vida, saúde e trabalho dos profissionais do setor. “Existe um farto material do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho que comprova a precariedade das relações entre a Cenibra, as empresas terceirizadas e os trabalhadores. Defendo o diálogo entre as partes já”, disse.

INSS
A procuradora federal Fernanda Campolina destacou que os acidentes de trabalho geram cerca de R$ 14 bilhões em gastos para o INSS todos os anos. Segundo ela, o órgão realiza parcerias com o Ministério do Trabalho para encontrar formas de mudar a realidade e atua com ações regressivas acidentárias, que punem as empresas que não respeitam a segurança do trabalho. Ela explicou que essas ações têm trazido mudanças na forma como o empresariado lida com o tema. “Fica mais caro para as empresas remediar os acidentes do que atuar na prevenção”, ressaltou.

 

Empresa rechaça que índice seja alto
BH
– O diretor de Operações da Cenibra, Deuseles João Firme, questionou os sindicatos sobre o índice de acidentes de trabalho na empresa. Segundo ele, a taxa de incidência da corporação é de cerca de dez para cada grupo de mil empregados, enquanto a taxa do setor é de 27 para cada grupo de mil. Para ele, o número é baixo em relação ao mercado, fruto, ainda de acordo com ele, do esforço da Cenibra para melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários. Ele disse que no dia 3 de julho foi apresentado aos sindicatos, comunidade e imprensa um projeto de modernização das condições de trabalho que será concluído em outubro de 2013. “Estamos investindo em máquinas de alta tecnologia e programas de ergonomia”, afirmou.
O advogado da Cenibra, Marcelo Badaró, disse que a maior parte dos acidentes citados pelos sindicatos não ocorreu nas terceirizadas da empresa e que há fiscalização das normas de segurança em suas parceiras. Ele explicou que a Cenibra não está protelando o cumprimento das ações civis públicas porque ainda cabem recursos das sentenças publicadas. “As terceirizações não são ilícitas até que a legislação determine. Estamos dentro da legalidade e abertos ao diálogo para que os problemas sejam resolvidos”, afirmou.

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