Dez anos após a tragedia de Mariana a recuperação ainda é lenta, em virtude dos muitos efeitos negativos na biodiversidade
IPATINGA – Dez anos após uma das maiores tragédias ambientais já registradas no país, membros dos Comitês Afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce ressaltam a importância da união dos colegiados nas discussões relacionadas à restauração dos cursos d’água e avaliam a situação ambiental do manancial uma década depois do desastre, que provocou um grave impacto ambiental.
Passados dez anos, o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana ainda deixa cicatrizes no Rio Doce. O desastre ocasionou danos incalculáveis às comunidades ribeirinhas, aos povos indígenas que dependiam da pesca, e a população dos municípios atingidos.
Neste período, os representantes dos comitês nas porções mineira e capixaba do Rio Doce uniram esforços e potencializaram ações voltadas à preservação e recuperação da bacia.
LENTIDÃO
Para o presidente do CBH Piracicaba, José Augusto Costa Gonçalves a recuperação ainda é lenta, em virtude dos muitos efeitos negativos na biodiversidade.
“A situação do Rio Doce, após o rompimento da barragem, nos parece, com poucos estudos, poucos resultados, uma recuperação lenta, mas, de certa forma, até contínua, com alguns avanços recentes. considerando dentro do âmbito do acordo do Rio Doce, com muitos desafios, desafios ambientais, sociais e econômicos. A lama de rejeitos impactou a água, impactou o solo, e mesmo anos depois do acidente, ainda parte dos rejeitos permanece no rio, ainda prejudica a fauna, prejudica a flora, então, de certa forma, enquanto a restauração das áreas degradadas é um processo ainda muito lento e ainda a longo prazo. E os principais desafios ambientais dentro desse contexto é a questão que envolve os rejeitos remanescentes. Parte ainda está acumulada no Rio.
MARGENS DEGRADADAS
Outro desafio importante é a degradação das margens. sei lá, aproximadamente cerca de 100 quilômetros de matas foram destruídos, e o solo das margens foi alterado, e isso dificulta a restauração das espécies nativas, e até dando oportunidade para plantas invasoras. Outro desafio, o terceiro, diria que é o impacto na vida aquática. Existem muitos efeitos negativos para a biodiversidade, que ainda são sentidos em decorrência dos rejeitos que impactam a vida e a atividade de pesca”, afirmou.
Um dos avanços ao longo deste tempo foi a aprovação dos aprovou o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Suaçuí (PDRH). O plano diagnostica a realidade ambiental do território hídrico e define quais deverão ser as estratégias para solucionar os problemas identificados, em curto, médio e longo prazo.
ESFORÇOS
De acordo com o presidente, existem esforços para a recuperação da bacia.
“Existem muitos esforços, aparentemente, em várias frentes de esforços para a recuperação e para a melhoria das condições da bacia. Tem um novo acordo do Rio Doce, desde a assinatura do acordo em 2024, houve alguns na reparação socioambiental, com aceleração de obras e definição de responsabilidades. Outro esforço são os programas de restauração. São mais de 32 mil hectares de áreas degradadas que estão em fase de plantio ou enriquecimento de florestas com espécies nativas. Outro esforço é que tenha monitoramento de qualidade de água. Existe um programa, o PMQQS, que coleta dados para acompanhar a recuperação da base hidrográfica do doce. E outro esforço é a existência de uma rede de sementes e mudas que foi criada. A rede Rio Doce de Sementes e Mudas para garantir o fornecimento de insumos para a restauração. Outra questão que a gente observa também é o que envolve os impactos sociais e compensações, que estão também na pauta da repactuação. Tem outro impacto, que envolve o Fundo Rio Doce, o fundo tem aporte previsto de quase 50 bilhões e o impacto na comunidade. Apesar ainda de muitos avanços, muitas comunidades ainda enfrentam dificuldades para a recuperação da pesca, recuperação do turismo, embora o acordo busque soluções definitivas”, completou.



