Foto: Uma entusiasta brasileira da medicina tradicional chinesa (MTC) experimenta tratamento de MTC no Segundo Hospital Afiliado da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Guizhou – Xinhua
GUIZHOU – Reginaldo praticava artes marciais e conquistou a faixa preta em Hapkido, onde os praticantes usavam certos pontos de acupuntura como pontos de pressão para aumentar a eficácia das técnicas.
Quando Reginaldo estava na faculdade, ele desenvolveu um caso grave de gastrite. Inspirado por seu mestre de Hapkido, ele decidiu recorrer à acupuntura e, após apenas uma sessão de acupuntura auricular, seus sintomas de gastrite desapareceram, lembrou ele.
A experiência despertou uma profunda curiosidade nele e, desde então, ele comprou um clássico chinês antigo sobre medicina– Huang Di Nei Jing (Cânone Interno do Imperador Amarelo) e começou a estudar acupuntura no Sindicato dos Acupunturistas e Terapias Orientais do Estado de São Paulo (SATOSP).
“Senti que, para compreender verdadeiramente sua essência, precisava experimentar suas raízes diretamente na China, onde o conhecimento é transmitido não apenas por meio da educação formal, mas também da prática clínica, da orientação e da imersão cultural”, disse Reginaldo.
Em 2001, Reginaldo embarcou em sua primeira viagem educacional à China. Durante os mais de 40 dias de viagem, ele mergulhou em estudos intensivos e estágios clínicos na Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Shandong durante o dia e frequentou aulas teóricas particulares à noite.
Essa experiência lhe proporcionou uma compreensão da medicina chinesa em seu contexto cultural e histórico, acrescentou.
Desde aquela primeira viagem, ele voltou à China muitas vezes, cada visita motivada por um forte desejo de aprofundar sua compreensão teórica, refinar suas habilidades clínicas e expandir sua capacidade de fornecer cuidados eficazes aos seus pacientes.
Reginaldo disse que, observar o tratamento na prática foi uma lição viva para integrar o conhecimento clássico profundo e a percepção clínica.
ESCOLA
Depois de concluir o programa SATOSP, ele foi convidado a começar a lecionar no SATOSP e ensinar tópicos mais avançados. Depois, fundou uma escola de educação em medicina chinesa, Faculdade EBRAMEC.
Em 2016, a escola tornou-se uma instituição de ensino superior oficialmente reconhecida – Escola Brasileira de Medicina Chinesa – e, em 2021, obteve aprovação do Ministério da Educação do Brasil para lançar o curso de graduação em acupuntura, fitoterapia chinesa e massoterapia.
PRIMEIRA TURMA
Reginaldo disse que a primeira turma de alunos a concluir o programa de graduação em medicina chinesa credenciado no Brasil se formou em dezembro de 2024, com muitos agora trabalhando como educadores, pesquisadores ou profissionais de saúde no Brasil.
Nos últimos 20 anos, Reginaldo tem visto uma demanda crescente na medicina chinesa, não apenas entre os pacientes, mas também entre os profissionais de saúde que buscam treinamento no Brasil.
Os dados mostram que o número de profissionais de medicina chinesa no Brasil chegou a 200 mil. Terapias como acupuntura e tratamento com acupuntura auricular foram incluídas no sistema nacional de seguro médico.
“A medicina chinesa, no Brasil, agora é um sistema médico complementar e integrativo”, disse Reginaldo.
ACUNPUNTURA
No Brasil, os pacientes costumam procurar a acupuntura para aliviar dores musculares e nas articulações, ansiedade, insônia, distúrbios digestivos e problemas de saúde feminina. Ele abriu uma clínica social para que mais pessoas pudessem experimentar a acupuntura e promover seus benefícios para outras pessoas.
Em sua opinião, além dos livros e informações médicas, é realmente importante entender a cultura chinesa o máximo possível, o que ajuda a compreender os significados profundos das teorias da medicina chinesa. Em maio de 2025, Reginaldo e outros entusiastas da medicina chinesa no Brasil visitaram a Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Guizhou e trocaram métodos de tratamento com seus colegas chineses.
TÉCNICAS
A equipe brasileira foi inspirada pela pesquisa inovadora sobre a combinação de fitoterápicos para aplicação externa, bem como pela preservação das técnicas tradicionais por meio de estruturas acadêmicas modernas.
“Isso ajudou o grupo a entender que a medicina chinesa não é apenas um sistema médico, mas um patrimônio cultural vivo”, disse Reginaldo após a viagem.
