Em voto descontraído e coerente, Cármem Lúcia contrasta com contradições de Fux e condena ex-presidente e todos os demais golpistas
(DA REDAÇÃO) – “O Brasil só vale a pena porque estamos conseguindo manter o estado democrático de direito”. Com esta frase a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármem Lucia, proferiu o voto que selou o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro, formando maioria para a sua condenação em todos os crimes de que é acusado. Falta ainda o voto do ministro Cristiano Zanin.
Durante seu voto, Cármem Lúcia concedeu aparte aos demais ministros, ao contrário do ministro Luiz Fux, que durante seu extenso voto pronunciado ontem pediu para não ser apartado e foi respeitado. Durante o voto de Cármem Lucia, Fux manteve-se isolado no plenário e não fez qualquer aparte.
CENAS DO 8/1
O ministro relator Alexandre de Moraes, durante sua intervenção concedida pela ministra projetou cenas de vandalismo do 8/1 e desmontou a tese de que a trama golpista não era conduzida por uma organização criminosa. Rebateu diversos outros pontos desconhecidos por Luiz Fux em voto, embora em nenhum momento tenha citado seu nome.
DESCONTRAÇÃO
O julgamento teve momentos de descontração em apartes dos ministros Flávio Dino, de Alexandre de Moraes e protagonizados pela própria ministra quando falou sobre a tentativa a articulação dos kids pretos para “neutralizar” Moraes. Ela contou que foi à farmácia e uma senhora comentou que queriam fazer a neutralização do Alexandre de Moraes e isso era uma coisa boa. A ministra, então, explicou que ela estava confundindo neutralização com harmonização (facial) e explicou: “Harmonização é para as pessoas não terem problema no envelhecimento e neutralização é para a pessoa não envelhecer”.
Durante seu voto Cármem Lúcia citou acadêmicos que se debruçaram em estudos sobre a mecânica de golpes de estado, entre as quais a historiadora mineira Heloísa Starling, para mostrar que as acusações contra Jair Bolsonaro e demais envolvidos na trama golpista eram irrefutáveis. “Talvez, nos tempos atuais, as pessoas queiram tanto aparecer que fazem maquete do golpe”, ironizou, sobre os rastros deixados pelos golpistas.