Governador de São Paulo pede grandeza ao presidente; decisão de não comprar vacina obedece ditame dos EUA
BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que o governo brasileiro não comprará doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e que tem o governo de São Paulo, comandado pelo rival político João Doria (PSDB), como principal fiador no Brasil.
A declaração desautoriza anúncio de ontem do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que em reunião com governadores informou que o governo compraria 46 milhões de doses do imunizante. Bolsonaro disse que o povo brasileiro não será “cobaia” e chamou a CoronaVac de “vacina chinesa de João Doria”. Segundo o presidente, os processos de compra de qualquer vacina contra a covid-19 estão descartados.
GRANDEZA
Doria pediu grandeza ao presidente e disse que a guerra precisa ser contra o novo coronavírus, e não na política ou um contra o outro. “A nossa posição como governador é que a vacina do Butantan é a vacina do Brasil, de todos os brasileiros. Não classificamos vacina por razões políticas, ideológicas, partidárias ou eleitorais. Vacina significa vida, proteção ao povo brasileiro, esta é a nossa visão”, completou.
ORDEM DOS EUA
Após o anúncio de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cancelou em cima da hora uma reunião que teria hoje de manhã com Doria em Brasília. Maia alegou que está indisposto e cancelou o encontro, assim como toda sua agenda de hoje.
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto lembra que o anúncio de Bolsonaro acontece logo após evento em que o secretário de Estado de norte-americano, Mike Pompeo, recomendou ao Brasil limitar o comércio com a China.
NO CARGO
Mesmo desautorizado pelo presidente, Pazuello — que foi diagnosticado com covid-19 na tarde de hoje — segue “firme no cargo”, de acordo com auxiliares diretos do ministro da Saúde que confirmaram à colunista do UOL Carla Araújo.