(*) Fernando Benedito Jr.
Acatando a ordem de seu líder e do gabinete do ódio, a classe média bolsonarista, alinhada com o há de pior e mais desumano no pensamento fascista e reacionário, sai às ruas nas carreatas da morte mandando o povo sair de casa e ir trabalhar. Na segurança de suas SUVs, caminhonetes de cabine dupla e carros esportivos, erguem a bandeira do Brasil e buzinam para chamar a atenção para sua causa, já que grande parte do povo, temeroso e cuidadoso, está em casa. Achando-se heróis em sua ignorância e oportunismo, blindados por seus planos de saúde, seus altos ganhos, atendimento em clínicas e hospitais particulares, são a visão do há de mais detestável e desprezível no mundinho da classe média. Desprezam a vida alheia para garantir as suas. Mandam os outros para a morte para que possam continuar indo para a Disney e Jurerê quando a crise do coronavírus passar. Fazem como os colonizadores do século XVIII que distribuíam vestes contaminadas com vírus da varíola para exterminar as nações indígenas e roubar suas terras e riquezas. Fazem como os assassinos dos bálcãs, depois julgados no Tribunal Penal Internacional, que empilhavam cadáveres em valas comuns durante os conflitos iugoslavos. Ou como genocidas da guerra sírio, para citar um caso atual.
São tão genocidas e covardes quanto seu chefe máximo, tudo para evitar que a esquerda volte ao poder, para evitar o comunismo que já tem no janota burguês João Dória seu maior representante, para combater o aproveitamento político da crise (coisa que estão fazendo mais que todos os outros partidos políticos juntos e ainda usando a máquina do governo para isto), para salvar a economia e aumentar o número de pobres mortos, vitimados pela necropolítica de Bolsonaro e seus asseclas – que felizmente estão se limitando aos integrantes do governo e à classe média ignorante metida a inteligente.
Voltar à normalidade, como pregam as carreatas da morte, isto é, remover as barreiras de contenção e permitir que o coronavírus se propague de forma descontrolada vai matar um número incalculável de pessoas no Brasil. Vai permitir que a pandemia se mantenha indefinidamente, prolongando ainda mais a crise sanitária e econômica. Vai espalhar o terror e a morte até que os próprios genocidas defensores da volta à normalidade, como o prefeito de Milão, se enclausurem, ou se contaminem. Tardiamente, vão reconhecer seu erro, mas aí será em vão, tanto quanto reconhecer agora o erro de ter votado em Bolsonaro. Já estará feito.
Os bolsonaristas genocidas e covardes, contra a ciência, contra a Organização Mundial de Saúde, contra toda a experiência acumulada no combate ao coronavirus no mundo, nem deveriam estar nas ruas, ainda mais defendendo este governo vergonhoso, incompetente, anti-patriótico, entreguista, miliciano e paranoico. Para serem minimamente coerentes e sensatos, se querem mesmo manter seu governo ridículo, deveriam reivindicar investimentos no SUS, na ciência, em leitos, testes, UTIs, profissionais de saúde, equipamentos de proteção, liberação de recursos para sustento dos mais pobres, dos pequenos empresários, das comunidades carentes, enfim, deveriam ter um plano qualquer. E, depois, deveriam se esforçar para gerar empregos, reduzir o dólar, o preço dos combustíveis, promover investimentos públicos, bater ao menos um prego numa obra pública (hospitais, por exemplo), fazer alguma coisa útil…
Por ora, deveriam ser todos presos por atentado à saúde pública e, contabilizados os cadáveres, julgados por genocídio, porque este tipo de gente cretina não tem dó, nem piedade, nem humanidade, nem senso de justiça.