Obra de Laís Bodanzky e da chilena Sofia Cabrera serão exibidas no auditório Dom Lelis Lara no encerramento da programação do projeto que circulou por bairros de Ipatinga
IPATINGA – O auditório Dom Lélis Lara, localizado no campus do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais – Unileste, no bairro Bom Retiro, será o palco da última exibição do Cinema Itinerante Los Películas Cineclube. E a curadoria do projeto selecionou para a sessão o aclamado filme Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodanzky e o curta chileno Prestando Mi Alas, dirigido por Sofia Cabrera.
A oitava exibição e debate do Cinema Itinerante acontece nesta quarta-feira (16), a partir das 19h30. Com entrada franca e aberta para a comunidade integra a contrapartida obrigatória do projeto, que começou a circular em junho e passou pelos bairros Bom Jardim, Vila Celeste, Planalto, Limoeiro, Canaã e Bethânia.
Realizado por Marilda Lyra, com produção do Los Películas Cineclube, o projeto foi viabilizado pelos recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Prefeitura Municipal de Ipatinga, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Fundo Municipal de Cultura e Ministério da Cultura/Governo Federal e para a exibição do dia 16 conta com apoio do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais – Unileste.
CURTA CHILENO
O curta chileno Prestando Mi Alas abre as exibições do dia 16. A obra foi filmada na quarentena mas é um exemplo claro da importância de se ter um processo terapêutico.
No curta a diretora Sofia Cabrera convida a uma reflexão sobre a importância do acompanhamento emocional nos processos de terapia. Ela destaca que, além da teoria, correntes e ferramentas o que verdadeiramente ajuda é a conexão de almas, o respeito ao tempo do outro, a empatia, a compaixão e o amor.
HISTÓRIA REAL
Lançado em 2001, com roteiro de Luiz Bolognesi e direção de Laís Bodanzky, Bicho de Sete Cabeças trouxe para as telas o relato do drama vivido por Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008), autor do livro Canto dos Malditos, uma autobiografia lançada nos anos 90, que apresenta o retrato crítico dos manicômios.
Bueno, que se tornou um símbolo da luta antimanicomial, conta que foi internado em 1974, com apenas 17 anos, após seu pai encontrar uma trouxinha de maconha em seus pertences. Medicamentos fortes, sessões de tortura, além de maus tratos, por parte dos funcionários da instituição onde estava internado, eram frequentes, conta o autor. Como consequência ele relata ter ficado com sequelas dos anos de internação.
INSPIRAÇÃO
Laís Bodanzky leu o Canto dos Malditos pela primeira vez em 1996, quando fazia parte de um grupo de estudo sobre saúde mental. Impressionada com o relato do autor, convidou o roteirista Luiz Bolognesi para adaptar a história. Em depoimento a imprensa na época do lançamento do filme, a diretora destacou que quando leu o livro “era como se pudesse ouvir um grande grito que ele, dava para o mundo — um alerta para mudar a triste realidade manicomial brasileira”. Bodanzky achava que, como ela, muita gente desconhecia a realidade por trás dos muros dessas instituições e que precisava levar isso para as telas.
O filme recebeu várias indicações e prêmios nacionais, além de abrir as portas para para uma nova maneira de pensar sobre as instituições psiquiátricas do país. Seu elenco também foi premiado em vários festivais, como Melhor Ator para Rodrigo Santoro, Melhor Atriz para Cássia Kiss e Melhor Ator Coadjuvante para Gero Camilo e Othon Bastos.
Para a exibição e debate da última sessão do Cinema Itinerante Los Películas Cineclube a entrada é franca e aberta para a comunidade e alunos do Unileste. Confira a programação no instagram @lospeliculascineclube. Informações com Marilda Lyra (31) 99966 4166.
SERVIÇO
Cinema Itinerante Los Películas Cineclube
Dia 16 outubro, quarta-feira, às 19h30
Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais – Unileste
Rua Bárbara Heliodora, 725, Bairro Bom Retiro – Ipatinga
Prestando Mis Alas – Chile, 2020 – 3’
Direção: Sofia Cabrera
Bicho de Sete Cabeças – 2001, Brasil, 106’
Direção: Laís Bodanzky
