domingo, novembro 24, 2024
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Audiência na ALMG debate ampliação de ensino federal no Vale do Aço

Criação de universidade pública federal no Vale do Aço foi outro tema da reunião na Assembléia de Minas

BH – Audiência Pública realizada na assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta segunda-feira (10) pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia debateu o “fortalecimento e a expansão do ensino superior nos Vales do Aço e do Rio Doce, como política de reparação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, da Samarco (Vale-BHP)”.

A audiência foi resultado de articulação realizada entre a vereadora Professora Cida Lima (PT), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) – Subsede Ipatinga -, o diretor Geral do Instituto Federal de Ipatinga, a deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT) e o deputado Federal Rogério Correia (PT).

Vereadora Maria Aparecida de Lima

Participaram da audiência pública alunos e professores da Escola Estadual Dona Canuta Rosa Oliveira Barbosa, Escola Estadual João XXIII, Pré-vestibular comunitário EducAfro – Núcleo Atitude, Instituto Federal de Minas Gerais e Escola Estadual Salvelino Fernandes Madeira.

SITUAÇÃO REGIONAL

Foi discutida na audiência pública a baixa oferta de ensino superior público federal no Vale do Aço, a ausência de cursos de humanas e de ciências sociais aplicadas no IFMG e CEFET-MG, e o contraste da região, que, se por um lado é metropolitana e com elevado PIB, por outro possui um baixo Índice de Desenvolvimento Humano e uma elevada concentração de renda, conforme dados do CadÚnico e da Receita Federal.

FALTA DE PROFESSORES

Durante a audiência pública o diretor do IFMG, Alex Fernandes, argumentou que o Vale do Aço possui o menor número de professores federais por habitantes no estado: “São mais de 11 mil habitantes por professor federal, enquanto em outras regiões de Minas chega a 600 habitantes por professor”.

Para o estudante da rede estadual e morador de Ipatinga, Saulo Morais, a situação das escolas faz parecer que a universidade pública é um sonho distante: “Hoje nós vemos que a maioria das escolas estaduais possuem infraestrutura precária e agora com a implementação do recente ensino integral fica ainda mais estressante para nós estudantes… Isso ocasiona o sentimento de que fica distante da nossa realidade estar dentro de uma instituição federal de ensino”.

Beatriz Cerqueira (deputada estadual PT/MG)

REPACTUAÇÃO

Na audiência a principal proposta para realização da ampliação do ensino superior em Ipatinga foi a utilização dos recursos da repactuação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana.

A repactuação consiste em um acordo realizado entre as instituições de justiça e a Samarco (Vale-BHP) para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana/MG. Na repactuação a perspectiva é de que os danos causados possuem natureza coletiva, atingindo de diversas formas um número indeterminado de pessoas.

Segundo Olívia Santiago, Coordenadora Regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB): “Para um real desenvolvimento, que seja realmente popular, que envolva as pessoas, tem que ter investimento na educação pública, para capacitar os jovens a estarem contribuindo, criando oportunidades de trabalho, de geração de renda”.

ENCAMINHAMENTOS

A audiência pública encerrou com a realização de encaminhamentos e o compromisso dos presentes para a construção coletiva da ampliação e criação da Universidade Pública Federal na região.

Um dos principais pontos apontados como encaminhamento foi a ida à Brasília. Nas palavras do deputado Federal Rogério Correia (PT), vice-líder de governo: “O presidente Lula solicitou a todos os Ministérios uma lista, a partir de um debate feito nas comunidades, com o que precisa ser cobrado da empresa pelo crime que ela cometeu e no caso do Vale do Aço muitos são os municípios que reivindicam a questão de uma Universidade Pública… Eu sugiro marcar no Ministério da Educação, a partir da audiência, um debate com o Ministro da Educação… e que possa vir como reivindicação do Ministério da Educação referente ao acordo de Mariana”.

Assim, restou combinada uma ida à Brasília para apresentação da discussão ao Ministério da Educação e a criação de uma comissão regional, com o objetivo de levar o debate para a população e para as demais cidades dos Vales do Aço e do Rio Doce. Finalizando a audiência, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) afirmou o seu compromisso: “Eu faço parte dessa luta para ampliação do instituto federal, para presença de mais recursos federais, de mais instituições federais em Minas Gerais, a nossa Universidade Federal do Vale do Aço”.

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