Criação de universidade pública federal no Vale do Aço foi outro tema da reunião na Assembléia de Minas
BH – Audiência Pública realizada na assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta segunda-feira (10) pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia debateu o “fortalecimento e a expansão do ensino superior nos Vales do Aço e do Rio Doce, como política de reparação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, da Samarco (Vale-BHP)”.
A audiência foi resultado de articulação realizada entre a vereadora Professora Cida Lima (PT), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) – Subsede Ipatinga -, o diretor Geral do Instituto Federal de Ipatinga, a deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT) e o deputado Federal Rogério Correia (PT).
Participaram da audiência pública alunos e professores da Escola Estadual Dona Canuta Rosa Oliveira Barbosa, Escola Estadual João XXIII, Pré-vestibular comunitário EducAfro – Núcleo Atitude, Instituto Federal de Minas Gerais e Escola Estadual Salvelino Fernandes Madeira.
SITUAÇÃO REGIONAL
Foi discutida na audiência pública a baixa oferta de ensino superior público federal no Vale do Aço, a ausência de cursos de humanas e de ciências sociais aplicadas no IFMG e CEFET-MG, e o contraste da região, que, se por um lado é metropolitana e com elevado PIB, por outro possui um baixo Índice de Desenvolvimento Humano e uma elevada concentração de renda, conforme dados do CadÚnico e da Receita Federal.
FALTA DE PROFESSORES
Durante a audiência pública o diretor do IFMG, Alex Fernandes, argumentou que o Vale do Aço possui o menor número de professores federais por habitantes no estado: “São mais de 11 mil habitantes por professor federal, enquanto em outras regiões de Minas chega a 600 habitantes por professor”.
Para o estudante da rede estadual e morador de Ipatinga, Saulo Morais, a situação das escolas faz parecer que a universidade pública é um sonho distante: “Hoje nós vemos que a maioria das escolas estaduais possuem infraestrutura precária e agora com a implementação do recente ensino integral fica ainda mais estressante para nós estudantes… Isso ocasiona o sentimento de que fica distante da nossa realidade estar dentro de uma instituição federal de ensino”.
REPACTUAÇÃO
Na audiência a principal proposta para realização da ampliação do ensino superior em Ipatinga foi a utilização dos recursos da repactuação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana.
A repactuação consiste em um acordo realizado entre as instituições de justiça e a Samarco (Vale-BHP) para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana/MG. Na repactuação a perspectiva é de que os danos causados possuem natureza coletiva, atingindo de diversas formas um número indeterminado de pessoas.
Segundo Olívia Santiago, Coordenadora Regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB): “Para um real desenvolvimento, que seja realmente popular, que envolva as pessoas, tem que ter investimento na educação pública, para capacitar os jovens a estarem contribuindo, criando oportunidades de trabalho, de geração de renda”.
ENCAMINHAMENTOS
A audiência pública encerrou com a realização de encaminhamentos e o compromisso dos presentes para a construção coletiva da ampliação e criação da Universidade Pública Federal na região.
Um dos principais pontos apontados como encaminhamento foi a ida à Brasília. Nas palavras do deputado Federal Rogério Correia (PT), vice-líder de governo: “O presidente Lula solicitou a todos os Ministérios uma lista, a partir de um debate feito nas comunidades, com o que precisa ser cobrado da empresa pelo crime que ela cometeu e no caso do Vale do Aço muitos são os municípios que reivindicam a questão de uma Universidade Pública… Eu sugiro marcar no Ministério da Educação, a partir da audiência, um debate com o Ministro da Educação… e que possa vir como reivindicação do Ministério da Educação referente ao acordo de Mariana”.
Assim, restou combinada uma ida à Brasília para apresentação da discussão ao Ministério da Educação e a criação de uma comissão regional, com o objetivo de levar o debate para a população e para as demais cidades dos Vales do Aço e do Rio Doce. Finalizando a audiência, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) afirmou o seu compromisso: “Eu faço parte dessa luta para ampliação do instituto federal, para presença de mais recursos federais, de mais instituições federais em Minas Gerais, a nossa Universidade Federal do Vale do Aço”.