PF fará reconstituição de cenário como na investigação do 8 de janeiro; inquérito busca saber se a ação foi individual ou em grupo
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil©
BRASÍLIA – Peritos criminais da Polícia Federal (PF) vão investigar as explosões ocorridas na noite desta quarta-feira (13) com estratégia semelhante à reconstrução de cenário na identificação dos crimes de 8 de janeiro do ano passado, quando os prédios do Três Poderes sofreram ataques golpistas. O fato do autor do atentado ser ligado ao PL e do ato terrorista ter sido cometido no centro do poder em Brasília, relembrando a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, acabou jogando por terra a intenção de políticos bolsonaristas de colocar em votação a PEC da Anistia. O projeto previa anistia aos presos do 8/1 e do próprio Bolsonaro, que está inelegível.
VARREDURA
Entre os primeiros procedimentos que os peritos da PF fizerem no local estão a identificação de todos os vestígios, além de uma identificação das imagens da área com ferramentas tecnológicas 3D a fim de compreender, em detalhes, a dinâmica do ataque.
A PM do Distrito Federal afirma que encontrou mais bombas em uma casa alugada em Ceilândia, onde o homem que detonou explosivos na praça dos Três Poderes nesta quarta-feira (13) estava morando.
O ATAQUE
As explosões ocorreram por volta das 19h30. Primeiro, foram detonados explosivos em um carro estacionado no anexo 4 da Câmara dos Deputados, próximo ao STF. Em seguida, houve e explosão de artefatos no corpo do autor do ataque, em frente à sede do Supremo.
O ataque foi feito pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França, ex-candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul, Santa Catarina. Ele é o dono do carro ligado à explosão.
Segundo a polícia, o homem com explosivos se aproximou da entrada do STF por volta das 19h30. Ao chegar perto da estátua da Justiça, ele ativou os artefatos.
A explosão, ouvida dentro do prédio, ocorreu após o fim da sessão do plenário. O prédio foi evacuado.
MONITORAMENTO
PM também monitora locais onde autor das bombas passou para verificar se há mais explosivos. “Está sendo feito monitoramento dos locais que ele passou para as equipes conseguirem se aproximar ao máximo das possibilidades de ele ter colocado bomba em outras regiões, mas tudo em investigação ainda”, acrescentou Broocke.
O corpo do autor do atentado, que ficou em frente ao STF durante boa parte da noite e madrugada de ontem foi recolhido e liberado para o IML. A perícia no local terminou nesta quinta-feira (14). Francisco Wanderley Luiz se aproximou da entrada do STF por volta das 19h30 de ontem e ativou os explosivos que tinha no corpo. Segundo o relato de um segurança da Suprema Corte, o homem circulou pelo local com “atitude suspeita” e deitou no chão para esperar que as bombas explodissem.
A Polícia Federal informou que vai abrir um inquérito para apurar as explosões. Uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF nesta quinta-feira (14) — as atividades devem ser retomadas a partir das 12h. O Senado Federal suspendeu os trabalhos.
INVESTIGAÇÕES
Os peritos criminais da Polícia Federal atuarão nas investigações das explosões na Praça dos Três Poderes e no Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC), que são especialistas em perícias de locais de crime e bombas e explosivos, foram acionados logo depois da ocorrência. A PF abriu inquérito para investigar o caso.
Os vestígios coletados serão posteriormente analisados para identificar e confirmar o tipo de explosivo utilizado, a possível origem e outras evidências que possam indicar se a ação foi planejada e se teve participação individual ou em grupo.
Em uma postagem nas redes sociais, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse ter certeza que a Polícia Federal irá esclarecer o caso.
“Já sabemos que foi muito grave o que aconteceu. Já sabemos que o carro com os explosivos pertence a um candidato a vereador do PL de SC. Provavelmente a perícia vai confirmar que se trata da mesma pessoa que tentou entrar no STF depois morreu detonando explosivos na área externa no tribunal”, avalia Pimenta.