Policia

Assassino de Rodrigo também é condenado por matar fotógrafo

(Créditos: Vander Andrade)

FABRICIANO – Depois de quase 11 horas de julgamento o juiz Vitor Luiz Almeida leu a sentença que condenou Alessandro Neves Augusto, 34 anos, o “Pitote”, a 14 anos e três meses de prisão. Ele vai responder pelo assassinato de Walgney Carvalho de Assis, morto em abril de 2013 em um pesque e pague no bairro São Vicente. O réu não poderá recorrer em liberdade.

Os jurados consideraram Alessandro culpado e reconheceram as duas qualificadoras do homicídio: do recurso que dificultou a defesa da vítima e da finalidade em assegurar a impunidade de outro crime (o assassinato de Rodrigo Neto). A condenação de 12 anos pela morte do jornalista ocorrida em junho deste ano também pesou na aplicação da pena.

Após a leitura da condenação, “Pitote” deixou o Tribunal do Júri, sendo escoltado à Penitenciária Nelson Hungria em Belo Horizonte, onde ele já se encontrava preso.

OUTRO

Em Vargem Alegre, “Pitote” é acusado de uma dupla tentativa de homicídio ocorrida em 2012, durante a Festa do Arroz. A Justiça de Caratinga já pediu o julgamento, mas a defesa recorreu duas vezes e o caso está parado no Tribunal de Justiça.

JULGAMENTO
O Júri Popular começou com apenas 15 minutos de atraso. Apenas uma testemunha foi ouvida. O delegado responsável pelas investigações Emerson Crispim Morais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi interrogado pelo Ministério Público, advogados de defesa e jurados. O policial afirmou que várias linhas de investigações foram seguidas, mas todas as provas colhidas durante o inquérito apontam para “Pitote” como o autor do crime.

Um dos argumentos do delegado Emerson Morais para acusar Alessandro foi a motocicleta utilizada no dia do crime. O veículo deixou marcas de óleo no local onde ficou estacionada, no pesque-pague onde Carvalho foi executado. Além disso, segundo o delegado, testemunhas disseram que no dia da morte de Carvalho, “Pitote” pediu a um amigo para trocarem de moto.

O réu ainda teria mentido ao dizer que no dia do assassinato estava em Pingo D’água, álibi que se enfraqueceu quando “Pitote” mencionou o nome de uma empresa de ônibus que já não existia naquela época. Ele também teria blefado sobre o valor da passagem, que não conduzia com a realidade.

Para o delegado a prova que pôs fim a qualquer dúvida foi o exame de microbalística. “A bala retirada do corpo do fotógrafo tinha micro ranhuras compatíveis com a bala retirada do corpo do jornalista Rodrigo Neto, ou seja, o atirador usou a mesma arma para matar os dois”, explicou o delegado.

SILÊNCIO

Após o depoimento do delegado, Alessandro – que se manteve de cabeça baixa durante todo o julgamento – foi chamado para apresentar sua defesa. O juiz Vitor Almeida orientou ao réu sobre a possibilidade de se calar diante das perguntas do juiz, da promotoria e dos advogados. Pitote preferiu o silêncio.

ACUSAÇÃO

Os debates começaram por volta de 13h com a Promotora de Acusação Juliana da Silva Pinto. A representante do Ministério Público mostrou fotos dos autos do processo e descreveu como o crime aconteceu. Ela ainda lembrou que o assassinato de Carvalho aconteceu 37 dias depois da morte de Rodrigo Neto, o que caracteriza queima de arquivo.

Segunda a promotora o réu caiu em contradição em todos os seus depoimentos. “O amigo não confirmou a viagem para Pingo D`água e ainda disse que o Alessandro foi à casa dele e pegou sua motocicleta emprestada, fato que também foi confirmado pelos parentes do amigo do réu. E quando ele vê todos seus álibis desconstruídos, eis que surge a figura de “Serginho”.

Assim como no assassinato de Rodrigo Neto, Sergio Vieira da Costa também foi apontado como executor de Carvalho. “Serginho” é um álibi que não se sustenta. A vítima foi calada. “Carvalho estava falando demais e chegou a dizer para a polícia que sabia quem tinha matado Rodrigo Neto, mas não poderia revelar o nome porque em Ipatinga testemunha morre”, enfatizou.

Sobre a existência de “Serginho”, o MP mostrou que ele já morou nas ruas Terezópolis e Campinas no bairro Veneza I. A promotora ressaltou que durante diligências nos locais levantados foi possível localizar a irmã de Serginho, que inclusive acredita que ele esteja morto.

DEFESA
A defesa de Alessandro foi feita por quatro advogados: Rodrigo Carmo, Sheila Carvalho, Reginaldo Malaquias e Thiago Xavier. O primeiro advogado a falar, Rodrigo Carmo, disse que todas as provas foram plantadas e ainda tentou denegrir a imagem da vítima, apontando o comportamento agressivo de Carvalho.

O advogado disse que Carvalho tinha todo interesse em querer a morte de Rodrigo, porque ele ficou enciumado quando o repórter foi trabalhar no mesmo jornal que ele. “Serginho e Carvalho contaram para “Pitote” que pretendiam matar o Rodrigo, mas o “Pitote” aconselhou para que eles não fizessem isso e que Carvalho e Rodrigo poderiam resolver as diferenças como colegas de trabalho”, relatou o advogado.

Para a defesa, o fotógrafo estaria pilotando a moto e Serginho foi quem deu os disparos em Rodrigo Neto. “Carvalho então começou a falar que ninguém nunca saberia quem havia matado o jornalista e Serginho disse inclusive que o fotógrafo estaria “falando demais”. Dias depois, Carvalho aparece morto”, argumentou.

O advogado Thiago Xavier levantou outra hipótese: a de uma suposta briga ocorrida algumas horas antes do crime. “Porque não foi investigado o que mais Walgney fez no dia do crime? Ele colocou em sua página do Facebook onde estaria. Não teria ocorrido uma briga antes? Porque naquele dia Carvalho foi a uma cavalgada”, apontou.
Por fim a acusação mencionou a falta de prova da autoria do crime e pediu a absolvição do réu.

Acusação irá recorrer

Os advogados de “Pitote” adiantaram que já nesta quinta-feira (20) irão recorrer da decisão, pedindo a anulação do julgamento. Por enquanto, a Promotoria de Justiça não tem intenção de recorrer.


Defesa sustentou a tese de que “Serginho” matou Carvalho para calar a boca do fotógrafo

 


A Promotora de Justiça disse que “Pitote” não conseguiu sustentar os seus álibis

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