Foto: O presidente só usa máscara quando obrigado e a considera uma “focinheira”
Esta semana o presidente avançou e recuou em duas variações sobre o mesmo tema, com o objetivo de sabotar o combate à pandemia no País: o falso relatório do TCU e a abolição das máscaras
(*) Fernando Benedito Jr.
A palavra dita, a pedra lançada e a flecha atirada não voltam atrás. Este antigo provérbio chinês, pelo visto, não diz nada ao presidente Bolsonaro, até porque ele tem aversão a tudo que é chinês. Desde que assumiu o governo, dia sim, dia não, ele não apenas atira pedras, dispara flechadas e profere palavras, como volta atrás com a mesma ligeireza das ações iniciais, como se nada houvesse dito ou feito. Em parte, o faz por má-fé, noutra para criar cortinas de fumaça – a fim de abafar crises e problemas mais graves – e, principalmente, por ignorância mesmo. E encontra sempre quem o defenda e aplauda, que é seu exército de apoiadores, ainda mais ignorante que ele.
Esta semana avançou e recuou em duas variações sobre o mesmo tema, com o objetivo de sabotar o combate à pandemia no País que, aliás, é o que faz desde que o coronavírus se alastrou e teve início o genocídio do povo brasileiro com o apoio deste ser deplorável e abjeto que ainda ocupa o Palácio do Planalto. Primero disse que relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) levantava a hipótese de milhares de vítimas da Covid-19 não teriam morrido da doença, mas por outros motivos. O tema que já havia saído de moda nas fileiras bolsonaristas voltou com toda a carga. Foi aplaudido e reverenciado pelos seus pela sua “grande descoberta”. No dia seguinte, desmentiu tudo o que havia dito, fez o “mea culpa” e ficou por isso mesmo. Antes de 24 horas e logo depois de anunciadas mais de 2 mil vítimas diárias da Covid-19, o sujeito volta à carga. Informa a seus correligionários do cercadinho que pediu “a um tal de Queiroga”, ninguém menos que seu ministro da Saúde, um parecer sobre a abolição do uso de máscaras por quem já foi vacinado ou contraiu o coronavírus. Bolsonaro e seus seguidores consideram a máscara uma “focinheira”. Foi novamente aplaudido e reverenciado no cercadinho e imediações e, imediatamente, condenado pelo mundo científico e por pessoas boas, diferente das “pessoas de bem”, por razões óbvias: as máscaras são fundamentais para conter o vírus enquanto grande parte da população não estiver vacina; ter contraído o vírus não significa que a pessoas está imune a novo contágio; as mutações são ainda contagiosas e letais e mesmo uma pessoas vacinada pode contrair o vírus de forma leve e transmiti-lo de forma mortal.
Bolsonaro insiste na imunidade de rebanho, que é sua forma velada de seguir com o genocídio do povo brasileiro.
Ao fim e ao cabo, o que o presidente diz sentado ele não sustenta de pé. É um covarde ignorante, cujas palavras não merecem crédito. Mas ninguém também é obrigado a ouvir calado tanta sandice.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.