Ao olharmos para a sociedade atual não nos restam dúvidas de que a caverna habitada pelo homem pré-histórico ficou no passado, mas, infelizmente, não podemos dizer o mesmo sobre a caverna platônica.
Quanto mais o tempo passa e o mundo se moderniza, quanto mais todo o nosso povo e nação, se embrenham na perigosa selva da pós-modernidade, com todas as suas ideias e conceitos sobre o que é ser “moderno” – com todos os seus valores e ideais líquidos, buscando promover o rompendo com todas as normas, leis, e regras, através de uma hermenêutica que se mostra, no mínimo, muito estranha, mal feita, e tendenciosa -, se opondo a todo tipo de absoluto, mais podemos notar a regressão do homem “moderno” quanto à histórica e, até agora incansável, busca pela razão, pela verdade, e pelo verdadeiro sentido da vida.
Quanto mais o tempo passa, vemos nossa população, atualmente tão bem equipada para a busca da razão e da verdade, andar de marcha ré pelo caminho da ascensão até o esclarecimento, da razão pura e, até mesmo, do sentido do que é “ser humano”. Caminhamos hoje no sentido totalmente contrário ao que Platão nos mostra e ensina em seu famoso “Mito da Caverna”.
Mesmo depois de tantos anos, a maioria absoluta das pessoas de nossa sociedade, ainda preferem viver comodamente “presas” em suas cavernas, se prontificando a aceitar como correto e verdadeiro tudo aquilo que lhe é posto diante de seus olhos sem, no entanto, utilizar o mínimo de senso crítico.
Infelizmente, a nossa sociedade “moderna” caminha a passos largos de volta aos recôncavos mais escuros de suas cavernas, procurando uma forma de se esconder e se acomodar, se protegendo e fugindo das investidas da verdade e da razão, e das pessoas que as conhecem e as possuem, dando as costas à realidade, acusando, como no mito platônico, de estarem loucos aqueles que realmente detêm a verdade e a razão, e delas dão numerosas provas.
Tais pessoas preferem viver enganadas, alienadas da realidade, acomodadas nas “cavernas” modernas, representadas por sua completa ignorância do mundo real, vivendo sob o controle de pessoas perversas que exploram sem piedade nossa sociedade que, em sua maioria, por razões que muitas vezes fogem ao seu próprio controle, privados de sua própria vontade, não são mais do que massa de manobra, números em estatísticas berrantes, frias, e vergonhosas que, na grande maioria das vezes, só servem para o fortalecimento de uma narrativa que só se mantém através da manipulação de fatos e dados, buscando mascarar e perpetuar a triste realidade de nossa sociedade.
Wanderson R. Monteiro é bacharel em Teologia pelo ICP – Instituto Cristão de Pesquisas
São Sebastião do Anta – MG
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