FABRICIANO – O artista fabricianense Gustavo Nascimento se prepara para estrear seu novo espetáculo teatral, “Cabe Tanta Coisa”, em São Paulo. A obra aborda uma temática urgente e necessária: o racismo estrutural dentro do ambiente escolar. A montagem, que será apresentada pela primeira vez na capital paulista, marca um importante passo na trajetória do Negrume Teatro, coletivo de teatro negro fundado pelo artista, que é formado por cursos livres de teatro oferecidos em Ipatinga, através do Teatro Circu-lar Farroupilha e do Ecoar Ponto de Cultura.
DRAMATURGIA
Com dramaturgia do ator e diretor ipatinguense Matí Lima, o espetáculo narra a história de Akin e Niara, duas crianças negras que, após as férias escolares, conversam sobre um fato racista ocorrido na escola. A partir desse diálogo, a peça mergulha nas subjetividades da infância negra, abordando temas como o abandono paterno, o resgate do legado cultural do Candomblé e a urgência de práticas antirracistas no ensino público, especialmente nas escolas do interior do país.

DIREÇÃO E ELENCO
A direção é assinada por Ailton Barros (SP), no elenco Cainã Naira (SP), com figurino de Gui Santti (SP) e iluminação de Angel Taíze (SP), reunindo uma equipe multifacetada de profissionais de diferentes regiões do Brasil. O Negrume Teatro, responsável pelo projeto, busca promover um intercâmbio cultural entre artistas do interior e da capital, fortalecendo o diálogo e a troca de experiências entre diferentes contextos artísticos e territoriais.
REFLEXÕES
Segundo Gustavo Nascimento, o trabalho nasce do desejo de refletir sobre as experiências e afetos da infância negra, valorizando as vozes e as memórias que muitas vezes são enviesadas. “A peça é um convite para escutar os Ibejis, que são os Orixás gêmeos da alegria e da infância nas religiões de matriz africana, como o Candomblé, compreender o que o racismo causa nelas, dentro e fora da escola. É também uma forma de imaginar outras possibilidades de carinho, cuidado e existência”, afirma o artista.
Para a atriz Cainã Naira, o processo e a cena representam também um gesto de resistência e criação: “Contar nossas histórias nos torna o Sujeito em evidência. E sermos o Sujeito, diante de uma estrutura secular, é descobrir novas possibilidades de existir! É dar vida e luz à nossa subjetividade! É a Arte, trazendo outros novos rumos, para além dos livros, para além mar!”
POESIA E POLÍTICA
Já o dramaturgo Mati Lima destaca o caráter poético e político da escrita. “A dramaturgia de Cabe Tanta Coisa é um afago à minha criança, é um lugar de afeto e escuta para as crianças e adolescentes do agora. É um texto que tem uma mensagem urgente para todas as sociedades que compartilham saberes: é preciso enxergar as infâncias negras e suas subjetividades no tempo presente. Só é possível apontar possibilidades de caminhos futuros para crianças e adolescentes, se enxergarmos e humanizarmos esses pequenos cidadãos no dia a dia. É também uma denúncia acerca do racismo dentro das instituições de ensino e da negligência das equipes diretivas na abordagem do tema.”
O projeto foi contemplado pela 22ª edição do Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) — política pública de fomento à cultura da cidade de São Paulo, que apoia produções artísticas independentes e de caráter popular.
Com estreia prevista para os próximos meses, o espetáculo promete emocionar o público ao unir poesia, memória e crítica, reafirmando a força da arte como ferramenta de expansão e transformação social.
SERVIÇO
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