Deputada foge após condenação e desafia STF: “Na Itália sou intocável”, diz em entrevista à CNN
(DA REDAÇÃO) – A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O pedido ocorre após a parlamentar, condenada pela Corte a dez anos de prisão, anunciar que deixou o país. Zambelli fugiu para Miami, nos EUA, e anunciou que está viajando para a Itália. Ela tem dupla cidadania e afirmou à CNN em tom de desafio que na Itália ela é “intocável”.
“Tenho cidadania italiana e nunca escondi, se tivesse alguma intenção de fugir eu teria escondido esse passaporte. (…) Como cidadã italiana eu sou intocável na Itália, não há o que ele [Alexandre de Moraes] possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então eu estou muito tranquila quanto a isso”, afirmou.
FALSIDADE E INVASÃO DO CNJ
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão, em regime fechado, pelo STF, e também à perda do mandato. A Primeira Turma da Corte decidiu em maio, por unanimidade, que ela cometeu os crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O relator foi o ministro Alexandre de Moraes.
A acusação aponta que ela atuou em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), Zambelli planejou um ataque virtual que inseriu no sistema do CNJ decisões judiciais forjadas, como um mandado de prisão contra o próprio Moraes, com o trecho: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”, diz o documento falso.
INTOCÁVEL
Ao ser questionada sobre a possibilidade de uma prisão preventiva, a parlamentar afirmou que não há nada que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), possa fazer para extraditá-la.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que as autoridades brasileiras podem até acionar a Interpol, mas não vão conseguir fazer com que ela volte ao Brasil.
“Eu tenho um passaporte italiano, pode colocar Interpol atrás de mim, eles não me tiram da Itália”, disse Zambelli. “Sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda. E aí não vai ser o Alexandre de Moraes, vai ser a Justiça italiana. Estou pagando para ver um dia desse”, respondeu, após ser questionada se tinha medo de ser presa. As declarações ocorreram em entrevista à CNN.
ADVOGADO DEIXA O CASO
A deputada não informou seu advogado que deixaria o país. Daniel Bialski deixou a defesa de Zambelli hoje, momentos após ela anunciar que saiu do Brasil. “Não falei para o meu advogado, e isso dá motivo suficiente para ele deixar o caso. Mas eu fiz isso para não prejudicá-lo “, declarou.
Mais cedo em entrevista à rádio bolsonarista “Auriverde”, ela havia dito que iria ajudar o dirigente do Chega, André Ventura, em Portugal. À tarde, disse que está de malas prontas para a Itália.