Nacionais

Antes mal acompanhado do que só

(*) Fernando Benedito Jr.

A estupidez de Jair Bolsonaro, que insiste em não reconhecer a vitória de Alberto Fernandez sobre Maurício Macri na Argentina, é de uma grandeza continental. Ele se nega até mesmo a cumprimentar o presidente eleito, depois de ter feito todo tipo de ingerência no país vizinho, metendo o bedelho nas eleições, criticando o peronismo-kirchenerista e manifestando apoio ao candidato derrotado Maurício Macri. Aliás, o próprio Macri já reconheceu a derrota, prepara a transição de forma civilizada e convidou seu opositor para um café na Casa Rosada. Mas o daqui, não. Julga-se, mais realista que o rei. Deselegante, descortês, mal educado e burro, volta a criar problema com um dos principais mercados e parceiros comerciais do Brasil na América Latina.

Interessante é que durante seu giro pela Ásia e Oriente Médio, mesmo não tendo apurado nada de bom em termos comerciais, pelo menos comportou-se de maneira menos vexatória do que nas outra vezes. Talvez porque longe de entender idiomas complexos como mandarim e árabe, não tenha entendido nada e, mais uma vez só aproveitou mesmo para fazer turismo e liberar visto para imigrante chinês. Jair libera visto em todo lugar por onde passa. É como se fosse um presente, um regalo aos anfitrões. Não tem nada para oferecer, oferece visto de graça – como se alguém estivesse interessado em vir para um país calcinado e com praias poluídas por toneladas de óleo.

Já se sabe também que por onde passa Bolsonaro não é recebido com muita simpatia, tanta são as bobagens que fala, como dizer que a China é um país capitalista, coisa que não deve ter agradado muito o Comitê Central do Partido Comunista chinês. Ninguém o viu acompanhado de nenhum chefe de Estado na cerimônia de entronização do novo imperador japonês. Mas pelo menos não ostentou o colarzinho de nióbio, como fez na primeira viagem ao Japão. Porque o sujeito gosta de pagar um mico.

Agora, no caso argentino, decide desconhecer a vitória de Fernandez, entre outras coisas, porque o candidato que apoiava perdeu a eleição e porque o vitorioso cumprimentou Lula por seu aniversário fazendo o “L” do movimento Lula Livre. Lá pelo menos tiveram uma eleição limpa com todos os candidatos disputando. Não foi como aqui, onde Bolsonaro e sua tropa de milicianos sagrou-se vitorioso depois de um golpe que colocou seu principal opositor na cadeia e lhe tirou o direito de se candidatar.

Com Fernandez na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Daniel Martinez no Uruguai e Maduro na Venezuela, Bolsonaro vai ficar numa situação crítica na América Latina. A tendência ao isolamento é acentuada. Mas, como diriam “los hermanos”: antes mal acompanhado do que só.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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