(*) Thales Aguiar
Caros leitores, tenhamos a capacidade e o convencimento que atualmente presenciamos uma grave crise na política, uma das mais grotescas dos últimos trinta anos. É momento de reflexão, principalmente de leitura e muita análise crítica. Convenhamos que as redes sociais deram vozes aos “socialmente alfabetizados”, aqueles que reconhecem letras e números mas são incapazes de compreender uma simples redação. Temos nessas redes especialistas de tudo, menos do conhecimento científico. Foram estes, os analfabetos funcionais que colaboraram diretamente no surgimento da conhecida expressão “Fake News”. Aqueles que replicam e criam notícias falsas pela internet. Podemos dizer sim, que este é um fenômeno arrebatador, pois são pessoas, opinantes convictos, como se fossem professores das melhores universidades do mundo.
Mas consideremos estes como vítimas do sistema. Dos tempos da nova república até os momentos atuais, pouco se fez para a educação e a promoção da leitura no país. O problema não está nos professores, mas sim nas barreiras colocadas pelos inúmeros governos eleitos que deixaram de promover a leitura e a escolarização de jovens e adultos. Atuais pesquisas apontam que 31% da população não lêem livro algum, ou seja, cerca de 65 milhões de brasileiros não possuem hábitos de leitura e muitos não tem se quer condições econômicas de compra um exemplar. Daqueles que conservam o hábito de leitura, a média é de apenas 2,43 livros por ano. Um demonstrativo quase insignificante com relação aos franceses que lêem cerca de 21 livros por ano.
O resultado não poderia ser outro. Escolhas inequívocas de políticos despreparados para lhe dar com a coisa pública. Aumento abusivo da corrupção por parte dos três poderes da república. E inúmeras brigas de partidarismo político sem fundamento e sem consciência coletiva. É urgente que o brasileiro tenha sede de leitura. Comecemos por termos o privilégio da leitura de inúmeros escritores, como Fernando Pessoa, Machado de Assis, Guimarães Rosa, entre dezenas de outros ilustres literatos da língua portuguesa. Comecemos com uma simples leitura para que possamos submergir em nossa identidade. O exercício da leitura contribui o ouvir antes de falar. Se estivermos aptos a leitura é sinal de que estaremos abertos ao que o outro pode nos ensinar. Que nesse momento de grandes dificuldades sociais e de pandemia, tenhamos a paciência de escutar opiniões diversas. A leitura é ciência viva que nos faz repensar nossos conceitos e certezas. Reformula com exatidão os nossos discursos e traz plenitude a nossa escrita.
(*) Thales Aguiar é jornalista e escritor