(*) Fernando Benedito Jr.
A cassação do ex-procurador e um dos “gestores” da República de Curitiba, agora também ex-deputado federal Deltan Dallagnol, traz alento à Justiça brasileira e repara uma grande injustiça. Reafirma o ditado de que a justiça tarda (embora não devesse), mas não falha. Deltan, ao lado de Sérgio Moro e de outros integrantes do TRF-4, protagonizou um dos mais escandalosos casos de lawfare e perseguição judicial de que se tem notícia na história recente do Brasil. Ao aprisionar Lula e tirá-lo da disputa eleitoral que poderia ter evitado o mais obscuro período da política nacional pós-ditadura, os carrascos de Curitiba coroaram o golpe que derrubou Dilma e abriram caminho para o surgimento do fascismo brasileiro com sua pior face: o bolsonarismo. Além disso, o tribunal de exceção orquestrado em Curitiba foi uma caça às bruxas que não garantiu direito de defesa, manteve prisões irregulares em troca de delações e promoveu torturas psicológicas, entre outros irregularidades e inconstitucionalidades.
De quebra, Deltan Dallagnol e Sérgio Moro foram os responsáveis pela destruição de reputações e de um grave abalo na economia brasileira ao tirar de cena algumas das mais importantes empresas nacionais.
Feito o estrago, a Vaza Jato revelou o conluio entre o ex-procurador e o juiz Sérgio Moro, por enquanto senador, mas também com um pé no cadafalso. Moro foi o primeiro a abandonar a carreira no judiciário e se aventurar na política, agarrando-se ao bolsonarismo que ajudou a criar e que julgava ser sua tábua de salvação ao aceitar o cargo de ministro da Justiça do ex-presidente Bolsonaro. Ele também com a corda no pescoço.
A cassação de Deltan Dallagnol pelo TSE, por unanimidade, é um destes raros episódios que nos dão alguma esperança de quem nem tudo está perdido.
Como diria o poeta, nada melhor que um tempo após um contratempo. Ou o ditado popular: nada melhor que volta do cipó da aroeira no lombo de quem mandou dar…
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.