(*) Fernando Benedito Jr.
A cidade e emirado de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, tornou-se um dos principais destinos turísticos do mundo de ricos, novos ricos, ex-ricos e todo mundo que superou a marca do primeiro milhão de reais ou dólares. Ir a Dubai tornou-se significado de poder econômico, tanto quanto ir a Miami o foi tempos atrás. Miami perdeu o charme. Nem nos filmes se rouba em Las Vegas e foge mais para Miami, como antigamente. Agora, a “rota” é Dubai. Embora, seja instigante saber em que Dubai pode ajudar os outros já que todo o esforço que fazem é para que os outros os tornem mais ricos fazendo turismo e filmes lá. Promovem feiras, distribuem convites “oficiais”, criam protocolos, cartas de intenções…
E de alguma forma foi o cinema que ajudou a alçar Dubai a esta nova categoria de destino turístico com a magnífica ideia de Tom Cruise de escalar o Burj Khalifa em “Missão Impossível – Protocolo Fantasma”.
Mas não foi só isso, a ousadia de construir a torre Burj Khalifa, de 830 metros de altura, a Burj al Arab, os resortes e o Hotel Atlantis nas ilhas artificiais, em pleno deserto, teve o objetivo de mostrar ao mundo que a missão não é tão impossível assim.
Desde “Casablanca”, o mundo árabe tem seu charme. Lamentável que ninguém se interesse em conhecer a fome e o café da Etiópia, o conflito palestino, a guerra síria, a pobreza egipícia.
Dia desses a família ditatorial brasileira, inclusive com trajes típicos, visitou Dubai, onde posou com xeques, emires e califas. Deve ter trazido também uma carta de intenções, mas como sabem que aquilo não serve para nada, nem mostraram.
Sem as peripécias de Tom Cruise, o prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, seguindo a trilha dos mercadores do Planalto, também visitou a cidade do deserto. Ficou só no oásis do caravançarai e também trouxe um protocolo de intenções, que exibiu.
Na verdade, estas viagens de boas intenções e cartas de intenções, não rendem nem um camelo. Mas vale a tentativa. O ex-prefeito Sebastião Quintão, por exemplo, esteve na Bielorussia com a intenção de trazer para Ipatinga um trem suspenso como o que fazia a rota Minsk-Maryina Gorka. Não deu certo. Seria mais fácil ter trazido um cargueiro Tupolev.
Mas valeu o giro pela república bielorussa.
Destes “insights” todos, o único que deu resultados práticos foi o do ex-prefeito João Magno de Moura (PT), que botou uma pastinha debaixo do braço e fincou pé na porta do Banco Mundial, em Washington, até arranjar o dinheiro para o Novo Centro, que acabou com as enchentes, danos e mortes na área central da cidade. Um caso em que não houve “protocolo fantasma”.
É importante que se busque alternativas de desenvolvimento econômico. As experiências turísticas também são bem vindas. Em Gramado tem um parque aquático legal.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.