quinta-feira, novembro 21, 2024
spot_img
InícioCidadesA que se deve “virada” meteórica de Gustavo Nunes e porque...

A que se deve “virada” meteórica de Gustavo Nunes e porque as pesquisas “erraram”?

Edmílson Firmino de Souza(*)

Não é preciso aprofundar muito para tirar conclusões sobre o que levou a derrota do atual prefeito Nardyello Rocha (Cidadania) para o jovem candidato do PSL, Gustavo Nunes, bolsonarista assumido. São muitos os elementos. Dentre eles, não podemos deixar de resgatar o ‘isolamento’ político de Rocha a partir do momento que se elegeu prefeito nas eleições extemporâneas, distanciando-se dos grupos do ex-prefeito Sebastião Quintão, MDB e da deputada Rosângela Reis, do Podemos.

Rocha acabou perdendo musculatura política a partir daí, sendo alvo im placável dos dois grupos enquanto governava. Apesar disso, conseguiu promover ações importantes em sua gestão de dois anos. Mas, optou em ‘fazer mais obras’, em detrimento a uma maior humanização no sistema de saúde, por exemplo. Cimento não ganha eleição, fica mais uma vez comprovado.

Enquanto vereador oposicionista, Gustavo Nunes também não deu trégua ao prefeito, cobrando redução de impostos, IPTU, ISSQN, taxas da Copasa, Estacionamento Rotativo (ER). O fechamento do comércio na condução da pandemia também sempre esteve na pauta de Nunes, desconstruindo cada vez mais a imagem de Nardyello Rocha.

Eleito prefeito, Nunes terá a partir de 1º de janeiro a oportunidade de fazer cumprir suas promessas, principalmente na redução de taxas e impostos no município.

Além de perder a ‘guerra da pandemia’ da Covid-19, na medida que foram se aproximando as eleições Nardyello Rocha continuava acumulando desafios de consolidar as articulações políticas. Também retardou muito ações de mobilização e engajamento de apoiadores. A ‘centralização de poder’ não o fez bem.

Na data final das convenções ficou quase sem opção de escolha de vice-prefeito(a). Restou a escolha da parlamentar socialite Cassinha Carvalho, do PSB, sem nenhuma inserção social na camada mais pobre da cidade. Estudos indicavam que ela pouco somava na composição de chapa, embora fosse à única mulher como vice de chapa.

Na campanha, Nardyelo Rocha e o candidato Jadson Heleno, do DEM, se digladiaram, deixando de lado, a quem viria ser a ‘surpresa’ eleitoral, Gustavo Nunes. Um grande erro de estratégia eleitoral na minha visão.

Bastava analisar qualquer pesquisa Quali para concluir que o adversário do atual prefeito nunca seria o vereador Jadson Heleno, cujo apoio de Quintão enquanto vice, suscitaria dividendos. Portanto, Jadson nunca foi à renovação que o eleitor almejava.

Literalmente, comendo pelas beiradas, Gustavo Nunes, acabou sendo abraçado pela direção nacional de seu partido, recebendo uma injeção financeira volumosa para tocar a campanha. Mais do que isto, ‘apadrinhado’ pelo nada menos presidente Jair Bolsonaro.

Em Ipatinga, onde 40% se declararam ‘bolsonaristas’, o vídeo viralizado com apoio declarado de Jair Bolsonaro a Gustavo Nunes fez muita diferença na reta final. Assim como fez diferença a adesão de líderes evangélicos ao candidato bolsonarista ipatinguense. Pastores nacionais também entraram em cena na cidade – onde a maioria esmagadora se declara evangélicos.

A onda meteórica de crescimento da campanha e a votação de 41% dos votos válidos de Gustavo Nunes não se deram por acaso. Além dos fatos narrados acima, a elevada taxa de abstenções de eleitores idosos, em razão da pandemia, também foi extremamente prejudicial ao prefeito atual, segmento em que ele sempre obteve maior taxa de aprovação.

Nas últimas 48 horas antes das eleições, soma-se a tudo isto a desistência da candidatura do médico Juliano Nogueira, do PTB, em prol de Gustavo Nunes, que se fortaleceu ainda mais. Era a cartada final para ‘hidratar’ ainda mais o jovem político.

Mas, porque as pesquisas erraram?

Inicialmente pesquisas quantitativas não detectam fatores externos ao processo eleitoral, articulações, composições de última hora, etc. Pesquisa é como uma fotografia. E as pesquisas apontam tendência de vitória de Nunes.

E no caso de Ipatinga, a partir de quinta-feira anterior à eleição – data em quem fecharam os trabalhos de campo das pesquisas, ocorreram muitos fatos, que mexeram drasticamente o tabuleiro eleitoral, a se destacar a avalanche de evangélicos e bolsonaristas votando em Gustavo Nunes.

Em Ipatinga, prevalece o case, os evangélicos decidem as eleições.

Edmílson Firmino de Souza(*) é analista de pesquisa da Tabulare Consultoria e autor do Atlas Pensar Vale do Aço

RELATED ARTICLES
- Advertisment -spot_img

Most Popular

Recent Comments