(DA REDAÇÃO) – Atualmente, existem 121 estudos pré-clínicos e 10 exemplares de estudos clínicos, em que os testes contra a Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, são feitos em humanos. “São vacinas com tecnologias diferentes, pode ser que qualquer uma delas seja aprovada. No entanto, o papel do SAGE é garantir a segurança da população em primeiro lugar”, diz a professora Cristiana Toscano, professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), integrante do time de cientistas que, junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), busca resultados para uma vacina contra a Covid-19. Ela é a única brasileira e representante da América Latina na equipe formada por especialistas do mundo todo para compor o Strategic Advisory Group of Experts for Vaccines and Vaccination (SAGE), que visa a orientar políticas e estratégias de vacinação relacionados ao vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
Conforme Cristina Toscano, em entrevista à revista “Galileu” o processo de descoberta e produção de uma vacina não é simples. Após a pesquisa, a primeira etapa para verificar a eficácia de uma vacina é o teste em indivíduos adultos e saudáveis a fim de avaliar a segurança e a produção de anticorpos. A segunda fase, que abrange um número maior de pessoas, visa analisar a relação entre a dose e a resposta imunológica. Num terceiro momento, que já envolve um grande grupo de indivíduos, a vacina é testada em situações de exposição ao vírus. Somente após todas essas avaliações — que podem levar anos —, o imunizante é registrado e está pronto para produção e distribuição.
VACINA AMERICANA
De acordo com o jornal “El País”, a corrida para obter uma vacina que acabe com a crise do coronavírus ou pelo menos amorteça seus efeitos começa a mostrar os primeiros resultados. Há quatro dias, por meio de um comunicado de imprensa, a empresa norte-americana Moderna anunciou os resultados de um teste com 45 voluntários saudáveis. Segundo informou, sua vacina é “segura e bem tolerada”, e gerou em pelo menos oito dos participantes níveis de anticorpos capazes de neutralizar a infecção semelhantes ou superiores aos encontrados no sangue de pacientes que sobreviveram à doença.
VACINA CHINESA
A equipe do Instituto de Biotecnologia de Pequim e a empresa Cansino Biologics, na China, anunciaram também os resultados da fase 1 da primeira vacina desenvolvida nesse país. Neste caso, divulgados em um artigo publicado na revista The Lancet, com todos os dados disponíveis para análise pela comunidade científica. Depois de 28 dias de testes com 108 voluntários saudáveis, os resultados parecem promissores. Além de ficar demonstrada sua segurança, os cientistas observaram que a vacina gerou anticorpos e linfócitos T nos voluntários.
VACINA ANGLO-SUECA
“Nossa vontade é a de poder comprimir em um ano um processo que normalmente leva vários anos”, afirmou o diretor-executivo da farmacêutica anglo-sueca Astrazeneca. Pascal Soriot., Ele acha que até o final do ano podem estar prontas até 400 milhões de doses da vacina contra o coronavírus que os laboratórios estão desenvolvendo em colaboração com a Universidade Oxford. A novidade do projeto, um dos quase cem que estão sendo feitos em todo o mundo, consiste na decisão de produzir o fármaco paralelamente ao desenvolvimento dos testes.
Atualmente estão na fase 3 do estudo, e trabalham com 10.000 voluntários aproximadamente. Os resultados até a data foram animadores, mas nada garante que a vacina seja eficaz. Diante da urgência da pandemia, entretanto, a decisão de laboratórios e Governos é que deve se correr o risco de começar a produzir doses, ainda que depois se revelem inúteis, com a esperança de poder ganhar alguns meses que podem ser cruciais no combate contra o vírus.
“Acreditamos que até o final do ano podemos ter 100 milhões de doses prontas para os Estados Unidos; 30 milhões de doses para o Reino Unido, e pouco menos de 100 milhões de doses para a Europa”, afirmou Soriot. A Astrazeneca fechou um acordo, para dividir riscos financeiros, com a chamada Aliança Internacional para a Vacina (IVA na sigla em inglês) formada pela Alemanha, França, Itália e Holanda, os quatro países que têm maior capacidade de manufatura de medicamentos. O custo da dose será muito reduzido, de apenas dois euros (11 reais), e a Astrazeneca afirma que as venderá a preço de custo, sem acrescentar margem de lucro. (Com informações do “El País” e revista “Galileu”)