sexta-feira, novembro 22, 2024
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A praia dos milicianos

(*) Fernando Benedito Jr.

A prisão dos mandantes do assassínio de Marielle Franco revelou o modus operandi da milícia carioca para controlar a qualquer preço importantes áreas do território do Rio de Janeiro. Uma prática que se amplia rapidamente a todo o País à medida que o crime organizado avança seus tentáculos para além dos limites cariocas, onde o cerco e a visibilidade de suas ações está mais que evidente.

Não sei porque, mas o projeto de privatização das praias que tem como relator o senador Flávio Bolsonaro se parece muito com uma ação miliciana para ampliar os territórios sob domínio do crime organizado, agora à beira mar. Ainda que o projeto, num primeiro momento, não seja exatamente isso, uma privatização, mais adiante, vai acabar sendo – o que já é uma realidade em muitos lugares.

Os brasileiros e brasileiras não poderão mais ir à praia ou terão para si apenas uma pequena faixa de areia por onde se entra através de um beco, se o milionário dono do condomínio e seus seguranças, diuturnamente de plantão, deixarem. Isso já existe em algumas regiões litorâneas, onde ricos empresários tomaram posse de amplos terrenos, fecharam tudo e colocaram seguranças armados para garantir a sua privacidade e de seus convidados. Tudo em nome da família. É possível vê-los em Porto Seguro, Arraial D’Ajuda, em Pipa, Maceió…

Avançam vorazes sobre o bioma, os mangues, o mar, o ar e a terra. Depois vendem a americanos, holandeses, alemães, suíços. Fazem um bom dinheiro e se vão para Miami ou continuam a especular em território nacional, cada vez mais ricos e cada vez mais impunes. E o governo Lula esperando a Luana Piovani criar uma polêmica para se posicionar. Mas, antes tarde do que nunca.

O projeto em si é uma destas aberrações que a extrema direita nacional adora parir em nome da liberdade, da liberdade econômica, da liberdade do lucro, da liberdade de expressão, da liberdade cristã, da liberdade, enfim… Inclusive, na praia pura deles, ninguém vai nadar pelado, fazer topless, fumar maconha e essas safadezas desprezadas pelas famílias de bem. Só pode jet ski, lanchas bacanas e bregas com churrasqueiras e moças decentes das famílias de bem acompanhadas de seus sarados agroboys de famílias de bem.

Vamos ver como votam os nobres reacionários do Congresso Nacional. Mas enquanto isso, não custa xingá-los por aí.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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