(*) Wanderson R. Monteiro
Se existe uma palavra que possa descrever a situação, ou situações, que andam ocorrendo no Brasil, e no mundo, essa palavra com certeza é a palavra “Caos”. Duvida?
Tente você, querido leitor, traçar os últimos acontecimentos e notícias que invadem nossas casas por meio dos telejornais, por meio da internet, com os websites, as redes sociais, os grandes veículos de imprensa e, analisando-os cuidadosamente, me diga se há sentido, se há algum princípio de ordem sendo seguido, algum conjunto ético e moral que leve a humanidade a se respeitar e buscar o bem do outro. Me diga se, da maneira que o mundo está, pode-se vislumbrar alguma ordem? O princípio que nos rege é a satisfação de nossas vontades, impulsos, desejos e pulsões individuais. Analisando as consequências, vejo que a satisfação do “Eu” nos levou ao caos e, atualmente, o caos é a “ordem” regente.
A expressão “Ordo ab Chao” vem de um famoso dito escocês antigo, e significa “Ordem Vinda do Caos”. A expressão traz a ideia de se estabelecer a ordem das coisas, a ordem no mundo, a partir do caos. Ou seja, no lugar de a ordem ser um meio para não se chegar ao caos total, ela passa a ser vista como uma consequência do completo estado de caos. Como se, a partir do caos, da falta de ética e de moral, a partir da falta de um conjunto de regras que direcionem nossas ações na sociedade e, até a relação com nós mesmos, uma nova ordem, justa e boa, surgiria para dar fim ao caos reinante.
Quando todos os princípios e toda estrutura humana, tanto na esfera dos grupos como na individual, passam a ser negligenciados, e tripudiados, quando o caos, e a desordem em todas as esferas sociais é tanta que as pessoas não têm ao que se apegar, então, se implanta a ordem.
As pessoas, a sociedade, e os países, antes revoltados contra todo tipo de princípios, chamando-os de “opressores”, ao chegarem à um estado de total desorientação, provocada pela falta de ordem em todos os âmbitos, passam a almejar algum tipo de “ordem” que lhes dê algum sentido, que dê fim à toda bagunça, a toda desordem, ao caos reinante. Crie o caos e, então, ofereça uma maneira para restabelecer a ordem. Sua ordem.
Ansiosas por algo que faça realmente sentido e que dê orientação às suas vidas, fragilizadas, sem bases e princípios morais, e sem força para resistência, as pessoas se apegarão a qualquer conjunto de “princípios” e “ordem” que lhes ofereça um novo sentido de organização social. Vê-se aí um bom plano de engenharia social, levado à cabo por pessoas maquiavélicas, na essência do termo, que não medem esforços para implantarem sua “Ordem”. Ordem essa que atenderá aos interesses próprios de seus líderes, em total detrimento de toda a sociedade, uma “ordem” sustentada pelo totalitarismo de um regime ditatorial.
(*) Wanderson R. Monteiro é escritor e jornalista