(*) Fernando Benedito Jr.
Entre os traços marcantes do fascismo estão a violência, o culto à personalidade e o uso da religião para manipular as massas. Estas são apenas algumas características que o bolsonarismo – por enquanto a variante mais expressiva do fascismo brasileiro, após o movimento integralista na década de 30 e o golpe militar de 1964 –, manifesta com mais vigor. Existem outras formas de expressão desta corrente política, como as fake news, o incentivo ao armamento, o discurso de ódio e o culto à pátria e à família. Mas é o uso da religião para fins políticos que chama a atenção neste segundo turno das eleições.
A transformação dos púlpitos, não importa de qual religião ou denominação, em palanque político-eleitoral tem sido uma marca do bolsonarismo. Primeiramente e de forma mais intensa, declarou-se a “guerra santa” contra a esquerda com o apoio dos pastores evangélicos e de Malafaia, a partir das mentiras espalhadas em forma de mamadeira de piroca, fechamento de igrejas, perseguição religiosa, abortismo, destruição da família e outras invencionices para espantar o voto dos fieis na esquerda.
Agora, no desespero, o bolsonarismo se mete em templos maçônicos e tenta tomar para si até um dos mais importantes símbolos católicos do País, Nossa Senhora Aparecida, como na recente invasão à Basílica de Aparecida do Norte. Aos terreiros e centros espíritas ainda não foram por puro preconceito.
Em Aparecida, a horda bolsonarista agrediu integrantes da emissora de TV da Basílica, gritou “mito” em plena catedral, ameaçou quem era contra o uso político do espaço religioso e reagiu quando o padre disse que a igreja era lugar de pedir benção e não voto. Uma vulgaridade e falta de respeito que só Bolsonaro e seus devotos sabem praticar como ninguém.
Com tais episódios, fica definitivamente declarada a “jihad” bolsonarista. Só falta o homem bomba, mas não deve demorar muito a se explodir por aí.
(*) Fernando Benedito Jr é editor do DP.
