Cidades

A idade da responsabilidade

As cidades do Vale do Aço, particularmente as que compõem a Região Metropolitana, e que a partir deste ano inauguram meio século de existência, estão reescrevendo sua história com tintas carregadas. Ao mesmo tempo em que precisam mostrar serviço para atender à crescente demanda por obras públicas e às necessidades impostas por vários anos de estagnação, têm que fazê-lo enfrentando a impaciência da população, que está cansada de esperar, e sem a opulência de outros tempos, quando a siderurgia, força-motriz da economia regional, abarrotava os cofres públicos sem maiores dificuldades.

A ampla oferta mundial de produtos siderúrgicos, exigindo mais competitividade das indústrias nacionais, acabou reduzindo o mercado do aço e, consequentemente, a arrecadação dos municípios. A busca por novas fontes de recursos tornou-se imperiosa e a governança municipal tem que redobrar os esforços para, num cenário pouco confortável, implementar a diversificação da economia e as fontes de captação de recursos.

A cobrança do IPTU, que anos atrás era relegada a segundo plano em função do ICMS, hoje é estimulada com prêmios e campanhas. Setores econômicos antes insignificantes, como o de serviços, hoje são a menina dos olhos de muitos governos, que apostam suas fichas no desenvolvimento de setores como o educacional e de saúde mantidos pela iniciativa privada. O comércio, cada vez mais, ocupa lugar de destaque como segunda mais importante fonte de circulação de mercadorias e moeda nos principais centros urbanos. No Vale do Aço, os setores suspermercadistas e de alimentação crescem a olhos vistos, tornando-se grandes geradoras de emprego e renda.

Por outro lado, a demanda reprimida provocada pelo desequilíbrio entre riqueza e pobreza, entre crescimento desordenado e falta de planejamento, ausência de obras estruturantes, etc, vai tornando cada vez mais imperiosa a necessidade de profundas intervenções urbanísticas para enfrentar o saturamento das vias urbanas, entupidas de veículos, motociclistas, ciclistas e pedestres disputando um espaço cada vez mais exíguo e violento. A capacidade de abastecimento de água, de tratamento de esgoto, destinação do lixo e transporte coletivo são outros grandes desafios que as cidades precisam começar a pensar e a resolver conjuntamente.

Ao iniciar esta nova fase de maturidades, os municípios do Vale do Aço inauguram também um bom momento para começar a buscar alternativas para estas questões antes que o colapso urbano se torne irreversível – ou, em última análise, muito mais difícil de ser resolvido e mais caro.

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