A verdadeira razão da crise entre governo e Congresso são as eleições de 2026. Ou alguém achava que Lula e Centrão iam juntos nessa?
(*) Fernando Benedito Jr.
À primeira vista, a tênue aliança entre o governo e o Centrão teria sido rompida pela decisão de Lula de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF). A escalada da crise entre David Alcolumbre e Hugo Motta com o governo Lula, tem outros motivos, digamos, “pragmáticos”, como o sequestro do Orçamento da União através das emendas parlamentares, mas o que o está em jogo mesmo são as eleições do próximo ano. Portanto, é uma aliança que já vai tarde e que, em verdade vos digo, não era nem para ter sido feita, mas em nome da governabilidade não há como fugir. É isso ou impeachment…
Andar em companhia do Centrão nunca foi boa coisa. E agora, em final de mandato e início das articulações para a eleição de 2026, é que o governo vai ver com quantos paus se faz uma canoa. Se a sabotagem foi uma constante ao longo do governo, escondida sob uma falsa cordialidade, agora vai se escancarar.
As forças de direita e centro direita que controlam o Congresso, evidentemente, querem estar no centro da disputa da eleição presidencial. De preferência isolando a extrema direita bolsonarista e a esquerda. O que não a impede também de se unir com ambas, dependendo do momento e dos interesses em jogo. É assim que age o Centrão. Não tem ideologia, não tem caráter, não tem critério, não tem escrúpulos… Tem interesses inconfessáveis, lobby, dinheiro do agro, dos bancos, das farmacêuticas, mais dinheiro e mais interesses escusos. É assim que a banda toca.
A extrema direita é bem pior, mas é previsível. Sem programa, sem direção e sem liderança, vai ficar dando cabeçada, tiro no pé e apostando em discursos radicais nas redes sociais, prometendo destruir o que os outros fizeram.
Depois de se insurgir contra Jorge Messias, suas excelências, os reis das câmaras e alta e baixa (e põe baixa nisso) do Congresso deflagraram pautas bombas, derrubaram os vetos ao PL da Devastação, não compareceram à solenidade de sanção da isenção do IR e prometem mais discursos e votações contra o País.
Como se vê, não é preciso se refugiar nos EUA para destruir a Nação, sabotar o governo e os interesses nacionais.
(*) Fernando Benedito é editor do DP.



