(*) Fernando Benedito Jr.
Foto: Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações de Bolsonaro e Elon Musk
A extrema direita quer ter a liberdade de divulgar fake news e mentiras impunemente; quer ter a liberdade de defender o fim do Estado democrático de direito e suas instituições, entre as quais o voto e a urna eletrônica; quer ter a liberdade de divulgar teorias de conspiração contra a ciência (como no caso das vacinas); quer ter a liberdade de defender a implantação de regime ditatorial, a violação de direitos assegurados na Constituição; quer falar impunemente sobre a “importância” do garimpo de ouro e nióbio em terras indígenas na Amazônia, defender o desmatamento e o trabalho escravo.
Essa é a liberdade que quer a extrema direita brasileira, que tem em Elon Musk um aliado desde que ele disse, durante o governo Bolsonaro, que implantaria uns satélites lá na Amazônia para levar internet de graça a todo mundo. Não levou, como de resto nada muito significativo ocorreu durante o governo Bolsonaro, exceto bravatas e proselitismo inútil. Ah, e a transposição do São Francisco.
A liberdade que eles querem é diferente. É a liberdade da livre iniciativa e da propriedade, cujos pilares e parâmetros são outros, aqueles estabelecidos pelo mercado. Na verdade, a “liberdade” que querem é uma prisão, um calabouço sombrio para prender a liberdade. E a prova é que mesmo atentando contra soberania nacional, em tese, um valor caro às forças de direita, por princípio, em todos os lugares do mundo, nacionalistas, os extremistas brasileiros dão apoio a Elon Musk. Aqui, mais uma vez, metem os pés pelas mãos e se revelam pusilânimes e traidores do Brasil e do povo brasileiro.
A extrema direita brasileira precisa aferir melhor sua balança e sua régua. Definir com mais clareza seus paradigmas para não virar uma seita automutilante. Que coisa, hein!
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.