Foto: Depois do banquete com leitão no Palácio, o presidente brinca de trenzinho e diz: “Chega de frescura e mimimi. Vão chorar até quando”?
(*) Fernando Benedito Jr.
A lógica é a seguinte. Quanto mais rápido o Brasil – ou qualquer outro país – acabar com a pandemia, mais rápido retomará o desenvolvimento econômico. O retorno da normalidade econômica depende do retorno da normalidade da vida, sem temores, sem distanciamento social, sem afastamentos por doenças, sem perda de vidas. Essa é uma obviedade que não deveria ser necessário justificar, mas diante da pressa e da pressão de alguns setores econômicos, eis que o País já vive seus piores dias. A escalada de óbitos que bate recordes diários se contrapõe diametralmente aos resultados econômicos. E vai continuar assim enquanto prevalecer o negacionismo, como já se disse, por razões óbvias. É exatamente o contrário do que tenta emplacar a narrativa do Planalto. Não é o distanciamento social, o lockdown, as medidas drásticas de contenção do vírus que paralisam a economia e a retomada do emprego. É o contrário. Tais medidas podem ter impactos negativos momentâneos, mas são a garantia de uma retomada perene. Como em Wuhan.
Enquanto grande parte do povo não estiver imunizada e a circulação do vírus não reduzir a ponto de frear drasticamente a contaminação, o Brasil terá novas variantes do vírus, ciclos contínuos de abre-e-fecha no comércio e serviços, UTIs lotadas, falta de oxigênio, aumento dos óbitos diários. O País vai se esfacelar junto com as vidas humanas.
A prova disso é que o Brasil, à medida em que nega e demora em tomar providências para combater a pandemia, vê sua economia ir célebre para a bancarrota como ocorre com a queda de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, ano em que a pandemia começou, teve momentos de pico e, negada, seguiu sem curso. Claro, foram decisivos para a queda a desvalorização cambial e outros fatores de mercado, mas nenhum mais forte que a pandemia, a ponto de tirar o Brasil da lista das dez maiores economias do mundo.
A queda do PIB nacional foi atestada pela agência de classificação de risco Austin Rating, segundo ranking com dados preliminares. O Brasil foi ultrapassado de 2019 para 2020 por Canadá, Rússia e Coreia do Sul. Para os três países, são consideradas quedas no PIB de 5,4%, 3,1% e 1%, respectivamente. “O ranking definitivo será divulgado pelo FMI em abril, segundo a agência, utilizando um cálculo mais complexo, que considera também o poder de compra das moedas. O Brasil terminou 2020 na 12ª posição, segundo cálculo da Austin Rating. Nos dois anos anteriores, o dado do FMI mostrava o Brasil na 9º colocação. Para 2021, a agência projeta que o Brasil poderá perder mais duas posições”, diz o jornal “Folha de S. Paulo”.
Nem precisa da Austin Rating projetar este resultado. Enquanto o avanço do coronavírus e da Covid-19 for tratado como “frescura e mimimi”, no momento em o vírus avança e os óbitos chegam a 260 mil, é certo que a economia irá direto para o buraco.
Em sentido literal, quem viver, verá!
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do “Diário Popular”.