Cidades

A cidade que nasceu junto com a ferrovia

O município de Coronel Fabriciano surgiu com a construção da linha férrea Vitória Minas

FABRICIANO – A região hoje conhecida como Vale do Aço teve o seu desenvolvimento atrelado à realização de grandes obras de infraestrutura. Foi assim que o distrito de Calado, atualmente a cidade de Coronel Fabriciano, surgiu.
Inicialmente, o distrito pertencia a Antônio Dias e começou a receber seus primeiros moradores com a retomada da construção da Estrada de Ferro Vitória Minas, em 1922. As primeiras frentes de trabalho para a instalação da linha férrea começaram antes de 1914, época da primeira Guerra Mundial. A concentração da obra era no distrito de Cachoeira Escura, atual Perpétuo do Socorro.

Pouco depois foi criado o povoado de Santo Antônio, que passou a ser chamado de Melo Viana, em 1923. Após a retomada da construção da ferrovia, em 7 de julho de 1924, foi inaugurada a Estação do Calado.
Foram esses mesmos homens que ajudaram a construir, em 1929, a primeira igreja do distrito, que acabou sendo dedicada a São Sebastião, depois escolhido padroeiro do lugar.

BELGO MINEIRA
O Cartório do Melo Viana foi transferido para o distrito do Calado em 1933, depois que o escrivão José Zacarias Roque passou a ter dificuldades para se deslocar a pé até o Melo Viana, tendo que carregar pesadas pastas para desenvolver seu trabalho.

Após a instalação do cartório, foi a vez do escritório da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, sob a superintendência do Dr. Joaquim Gomes da Silveira Neto, se instalar no distrito em 1936.
A empresa veio para a região para explorar madeira e produzir carvão para alimentar os fornos de sua siderúrgica em João Monlevade. A exploração do carvão vegetal também impulsionou a vinda de imigrantes para a região, o que gerou a necessidade de urbanização com a abertura de ruas e construções de casas, especialmente de alvenaria.

Em função da concentração de trabalhadores no distrito do Calado, a Belgo Mineira deu início à construção do Hospital Siderúrgica para assistir os seus funcionários, numa época de grande incidência de febre amarela e outros males típicos das regiões tropicais.
A instalação da Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita) na região, em 1944, também foi importante para o desenvolvimento urbano de Coronel Fabriciano.


O Hospital Siderúrgica foi construído pela empresa Belgo Mineira em função do grande número de
trabalhadores que residiam no distrito e precisavam de cuidados médicos

CATOLICISMO
O Curato de São Sebastião foi elevado à categoria de Paróquia em 15 de agosto de 1948, sendo então considerada a primeira instituição religiosa do Vale do Aço. Nesse mesmo dia foram designados para a região os primeiros missionários redentoristas. Os padres André Van Der Arendt e José Gonçalves da Costa foram os primeiros religiosos a se instalarem no distrito do Calado. Eles também foram os responsáveis pela criação em 1968 do sistema de transmissão radiofônica da Rádio Educadora.

DESBRAVADORES
Francisco Rodrigues Franco foi o primeiro habitante de Coronel Fabriciano. Vindo de Leopoldina, chegou à região por volta de 1800. Depois foi a vez de José Assis de Vasconcelos, procedente de Alfié, se estabelecer em um sítio na área na área que foi construída a Usiminas.

Em 1832, chegou Francisco de Paula e Silva, o Chico Santa Maria. Ele recebeu do Império três sesmarias (Alegre, Limoeiro e Timóteo), situadas à margem direita do rio Piracicaba. Chico deu início aos primeiros trabalhos de agricultura em sua fazenda, que também serviu de local de hospedagem para os viajantes que vinham de Mesquita e Joanésia.

Após ele, veio Francisco Romão, que se instalou à esquerda do rio. Com uma canoa, fazia o transporte de pessoas e mercadorias, ligando São Domingos do Prata, Antônio Dias, Mesquita e Joanésia, pelos rios Piracicaba, Doce e Santo Antônio.

Outros desbravadores da região foram Joaquim André, Pedro de Paula e Silva, Manoel Francisco, Antônio Antunes Lopes, Manoel Domingos, João Teixeira Benevides, Miguel Pereira, Manoel João, Benedito Bento, Manoel Romão, Virgínio Inácio, Joaquim de Souza, Pedro Nascimento e outros.

EMANCIPAÇÃO
Após um longo processo de tramitação na Assembléia Legislativa do Estado, o governador Milton Campos assinou em 27 de dezembro de 1948 a lei nº 336, que criou oficialmente o município de Coronel Fabriciano.

A instalação oficial se deu no dia 1º de janeiro de 1949, em sessão presidida pelo juiz de paz José Anastácio Franco. Quem assumiu como intendente foi o Dr. Antônio Gonçalves Gravatá. Ele foi designado para organizar a administração municipal e entregá-la ao prefeito oficial, eleito pela população. Em função da burocracia, o município foi oficialmente criado dia 20 de janeiro daquele mesmo ano em que a lei foi assinada.

Só em 15 de março de 1949, o prefeito eleito Dr. Rubem Siqueira Maia foi empossado. O vice dele na época era o Coronel Silvino Pereira. Os primeiros vereadores do município foram Nicanor Ataíde, Lauro Pereira, Ary Barros, José Anatólio Barbosa, Wenceslau Martins Araújo, Sebastião Mendes Araújo, José Paula Viana, Raimundo Martins Fraga e José Wilson Camargos.


O transporte de pessoas entre os rios Piracicaba e Doce era explorado por Francisco Romão, um dos
desbravadores de Coronel Fabriciano

EDUCAÇÃO
Em 1950 foi instalado o Colégio Angélica. A instituição era mantida pelas Irmãs Carmelitas da Divina Providência, pioneiras na área da educação no Vale do Aço. A unidade escolar oferecia o ensino pré-escolar, 5ª a 8ª séries e ensino médio.

O ensino primário já existia de forma regular desde 1928, quando fora instalado na cidade a Escola Rural Mista, mantida pelo Estado e dirigida pela primeira professora oficial, Mariana Roque Pires. (Fonte: Arquivo Diário Popular e Prefeitura de Coronel Fabriciano).

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