Cidades

72 horas sem faturamento gera caos em comércio local

Prefeitura informou que problemas técnicos retiraram site do ar; empresa afirmou que serviço foi cortado por falta de pagamento

 

IPATINGA – Os empresários que tentaram emitir nota fiscal eletrônica durante todo o dia de ontem pelo site da Prefeitura de Ipatinga ficaram à deriva. Isso porque o sistema de faturamento virtual foi suspenso pelo prestador de serviço por falta de pagamentos. A situação começou na segunda-feira (5).
A Eicon está há quatro meses sem receber da Administração Municipal, por isso cortou o funcionamento do sistema. A suspensão foi comunicada antecipadamente à Prefeitura por meio de um ofício protocolado no dia 1° de março.
“Enviamos um documento pedindo uma resposta para a Prefeitura, propondo um acordo para não interromper a operação da ferramenta. Mas não tivemos nenhuma resposta e, diante da omissão, na segunda, o software foi desativado”, explicou um representante da empresa ouvido pela reportagem.
Ele ressaltou que tem uma parceria com o município de Ipatinga há mais de cinco anos, e que a intenção da empresa é retomar os serviços. “A Prefeitura publicou um edital que não nos dá condições de dar sequência ao trabalho. Nossa preocupação não é receber, e sim solucionar o problema das empresas que estão estabelecidas no município”, ressaltou.
Vários prestadores de serviços do município não conseguiram emitir o documento fiscal, necessário para os comerciantes receberem de seus clientes e quitar seus compromissos, como folha de pagamento.
Em seu site, a Administração Municipal publicou que o sistema de emissão de notas fiscais passou por problemas técnicos e por isso não estava operando. E informou, em nota enviada à reportagem, “que está adotando todas as medidas para o restabelecimento do sistema de nota fiscal eletrônica”.

PREJUÍZOS
Sem conseguir emitir o documento fiscal para comprovar a prestação de serviços de instalação e manutenção em TV’s a cabo da empresa em que trabalha, a auxiliar administrativo Rosilene Aparecida não sabe o que fazer para receber.
“Emitimos quinzenalmente a nota fiscal para a Sky, sem isso não recebemos o serviço. Tentei gerar o documento ontem e não consegui. Espero que a situação se resolva rápido”, declarou.
O empresário Gerado Fernandes, dono de uma copiadora, também enfrentou problemas nos últimos três dias. Ele teve que pedir aos clientes para segurar os pagamentos.
“O transtorno é muito grande. Algumas empresas até acham que a culpa é nossa. A Prefeitura cobra e a gente tem que estar atualizado com a tecnologia, e num momento desses eles nos deixam de pés e mãos atados”, reclamou.
O contador de Geraldo esteve na secretaria de Fazenda em busca de uma resposta para quando o serviço funcionaria novamente. O retorno dado pelo ente municipal foi que no final da tarde de ontem (7) tudo seria normalizado, o que não ocorreu.

MÁ GESTÃO
Edson Rodrigues é proprietário de uma empresa de recarga de cartuchos no Centro da cidade. Ele perdeu vários serviços porque não teve condições de emitir o documento fiscal.
“Ontem, por exemplo, deixei de arrecadar muito porque as pessoas exigiram nota fiscal e não tive como emitir. Isso está acontecendo há três dias, desde segunda-feira. Isso é falta de gestão e empenho da Administração pública”, afirmou.
Na visão do comerciante, a Prefeitura deveria oferecer aos prestadores de serviços outro sistema para evitar transtornos como esse.
“Temos uma Administração Municipal que não tem gestão. Eles deviam ter outro plano para situações como esta, ter uma nota fiscal avulsa ou outro sistema. Complicaram não só a minha vida, como microempresário que vive só da prestação de serviço, mais de todas as empresas de Ipatinga”, disse.
Sem condições de receber de clientes, Edson adiantou que não vai conseguir pagar seus funcionários em dia. A expectativa dele era que o sistema se normalizasse no final da tarde de ontem.
“Liguei para o meu contador, que foi até a Prefeitura, mas não deram nenhum parecer. Escuto muita especulação que a Prefeitura não está mantendo a gestão do programa por falta de pagamento. Se você não contribuir em dia com o município, acabo multado e lesado. Já quando falta gestão da parte deles, é o empresário que tem que segurar o problema”, reclamou.


O empresário Geraldo Rodrigues não conseguiu
receber de clientes devido à falta de documento fiscal


“Complicaram não só a minha vida como microempresário
que vive só da prestação de serviço, mas de todas as empresas de Ipatinga”, disse Edson

 

Sindcomércio orienta emissão de nota de papel


Ipatinga
– José Maria Facundes, presidente do Sindcomércio Vale do Aço, informou que é alto o número de reclamações recebidas de comerciantes e prestadores de serviço, em especial os hotéis de Ipatinga.
“Orientamos que os empresários utilizem os blocos de notas fiscais de papel até que a situação se normalize. Posteriormente a Prefeitura de Ipatinga vai ter que fazer a adequação. Mas as empresas não podem mais ficar sem faturar”, afirmou.
O sindicato marcou para a tarde de hoje um encontro com representantes do governo Robson Gomes (PPS) para resolver a questão. A expectativa de Facundes é que o encontro gere uma solução positiva para a classe empresarial.
“A falta do sistema de emissão de nota fiscal gerou um caos na categoria de prestação de serviços. As empresas estão sem faturar e isso não pode mais ficar assim. Esperamos encontrar um denominador comum nesta reunião”, prometeu.

Contadores protocolam hoje ação contra PMI


Ipatinga
– O Sindicato dos Contabilistas do Vale do Aço entra hoje (8) com uma ação contra a Prefeitura de Ipatinga para resolver o problema da falta de sistema para emissão de notas fiscais. Um mandado de segurança vai ser protocolado na Vara da Fazenda Pública.
A informação foi confirmada pelo advogado da entidade.
A primeira medida tomada pelo presidente em exercício da entidade, Celio Pavione, foi encaminhar ao município uma notificação extrajudicial. O documento pede informações sobre como vai ser conduzido o processo de mudança no prestador de serviço, uma vez que o contrato com a empresa Eicon vence daqui a duas semanas.
“Tomamos conhecimento da existência de licitação para contratar uma nova empresa para substituir a que atualmente presta o serviço de emissão de notas. Descobrimos que o pregão tinha irregularidades e impugnamos. Nosso grande temor era a paralisação do sistema, o que aconteceu antes mesmo do previsto, que era 21 de março, quando vence o contrato com a empresa que presta o serviço”, disse.

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