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Vereador constata situação precária no HMI e SAMU

O presidente da Câmara de Ipatinga chamou a atenção sobre a situação caótica do Hospital Municipal

IPATINGA –
Cumprindo o que prometeu na tribuna da Câmara Municipal de Ipatinga, durante a reunião ordinária do dia 20 deste mês, o presidente do Legislativo, vereador Ley, fez duas visitas ao Hospital Municipal e uma à Central do SAMU no final de semana. O objetivo foi verificar “in loco” as condições de trabalho dos servidores, a qualidade do atendimento à população, da estrutura física e de equipamentos das duas unidades.

As visitas tiveram como motivação uma série de reclamações da população sobre a precariedade do atendimento, principalmente no Hospital Municipal de Ipatinga, em decorrência da falta de profissionais especializados, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

O vereador esteve na unidade hospitalar das 23h de sábado até as 2h do domingo, acompanhando a rotina dos funcionários, o fluxo e a qualidade do atendimento aos pacientes. No domingo, a visita aconteceu no período da tarde.
O parlamentar disse que ficou impressionado com o que viu e ouviu, tanto dos profissionais quanto de pacientes internados e dos que aguardavam atendimento no Hospital Municipal de Ipatinga.

DOIS MÉDICOS
“O que pude constatar é altamente preocupante. No final de semana são apenas dois médicos por turno para atender os pacientes adultos que chegam ao Pronto-Socorro e também os que estão internados, tanto no setor de emergência quanto nas enfermarias. O número de enfermeiros e técnicos de enfermagem também é totalmente insuficiente para prestar um atendimento adequado à população. É humanamente impossível que se consiga atender dignamente nestas condições. Como a prefeitura cortou o pagamento de horas extras, os poucos profissionais que continuam trabalhando – visto que muitos pediram conta devido a baixa remuneração e ao não pagamento de horas extras –, não podem estender seu horário de trabalho, mesmo que a demanda sinalize para isto”, apontou.

JUNTO E MISTURADO
Outro aspecto destacado pelo vereador Ley foi o que ele classifica como absoluta falta de gestão da administração municipal e se refere às condições físicas do HMI. “Eu cheguei ao hospital por volta das 23h e encontrei 12 pessoas no setor de emergência, onde há capacidade para oito internos. O pior de tudo é que este setor de emergência está exatamente ao lado de onde ficam os pacientes com problemas psiquiátricos. O que separa os dois espaços é apenas uma cortina. É uma situação de alto risco para os pacientes que estão na emergência, entubados. Recentemente uma técnica de enfermagem evitou que um paciente psiquiátrico retirasse os tubos de um cidadão que estava no setor de emergência. Se ela não chega a tempo o fato teria se consumado, resultando no inevitável óbito da pessoa que estava entubada”, relatou o vereador.

Segundo ele, tem se tornado rotina a agressão física de pacientes psiquiátricos a médicos e enfermeiros. “Na semana passada, um deles tentou estrangular uma enfermeira no momento em que ela fazia atendimento a uma pessoa que estava em uma maca, no chão. Outro agrediu com socos um médico quando o mesmo chegava ao hospital. É uma irresponsabilidade deixar pacientes psiquiátricos no mesmo ambiente que os demais enfermos”, destacou.

LEITOS DESATIVADOS
O presidente da Câmara também criticou a falta de gerenciamento na unidade hospitalar, onde estão desativados quatro leitos de UTI e mais de 30 leitos para internação normal. “Isto é um absurdo. Se não tivéssemos as estruturas, tudo bem, mas elas estão lá, e bem equipadas, basta colocar para funcionar. Para termos uma ideia da falta de gestão, há uma ala onde os pacientes ficam amontoa-dos em um espaço sem nenhuma condição de climatização, submetidos a um calor absurdo, que pode até comprometer a sua recuperação, enquanto existem logo ao lado duas salas climatizadas e equipadas com leitos modernos, que estão fechadas, servindo de depósito para soros, cadeiras e macas. Apenas com um pouco de visão gerencial e boa vontade, muita coisa poderia ser melhorada no Hospital Municipal. Por isto mesmo eu peço que os demais vereadores também visitem o HMI, assim como o pessoal da administração. Mas visitem como eu fiz, sem aviso prévio, para ver o estado de calamidade em que está aquela unidade”.

SERVIDORES
Em sua passagem pelo HMI, o vereador Ley ouviu também várias reclamações dos servidores sobre as condições de trabalho no local. De acordo com uma técnica de enfermagem, ela foi contratada para um período de trabalho de oito meses, mas já trabalha no HMI há mais de 5 anos, sem direito a férias e 13º salário, o que classifica como um absurdo. Outro funcionário reclamou que as horas extras trabalhadas em junho e julho de 2012 até hoje não foram pagas pela administração. Já um terceiro servidor fez questão de dizer que estava com viagem marcada com a família, inclusive com reservas de passagens e hospedagem, e teve que cancelar tudo de última hora porque foi comunicado que a administração não teria como pagar suas férias.

CONSTRANGIMENTO
No Hospital Municipal de Ipatinga havia uma ala para internação feminina e uma para pacientes masculinos. Hoje, pessoas dos dois sexos são internadas no mesmo espaço, gerando grande constrangimento no momento da higienização dos internos.
Além disto, em outro ambiente de internação, na sala de observação, há apenas um banheiro para pacientes e acompanhantes de ambos os sexos, quando o correto seria um banheiro feminino e outro masculino.

SAMU
No SAMU, chamou a atenção a falta de funcionários para o serviço administrativo. “Na central, onde são recebidos os telefonemas pedindo socorro ou orientação, deveria ter dois funcionários administrativos por turno, além de um médico, responsável por fazer a avaliação do nível de atendimento a ser efetuado de acordo com as informações obtidas por telefone. Tem que ser um agente para atender os telefonemas, fazer os registros e passar para o médico, e outro, que é o “coordenador de frotas”, para ordenar os deslocamentos das ambulâncias dos postos de atendimento aos locais das demandas e vice-versa. Mas hoje só há um funcionário fazendo as duas funções, em turno de 12 horas de trabalho. Isto quer dizer que, pelo nível de responsabilidade de seu trabalho, este funcionário não pode sair sequer para ir ao banheiro ou tomar um café, porque se ele o fizer e houver uma demanda naquele momento não há ninguém para fazer o atendimento, em um local onde a essência é o atendimento a casos de grande gravidade e qualquer falha pode resultar na perda de uma vida”, destacou o vereador.


O Hospital Municipal está com vários leitos e alas desativados,
apesar da intensa demanda por serviços de saúde

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