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Vaticano pode antecipar escolha do novo papa

Papa Bento XVI durante a abertura da 5a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, no último dia da visita dele ao Brasil, em 2007

BRASÍLIA – O Vaticano avalia os pedidos de cardeais para que se realize um conclave antes do que o planejado, para substituir Bento 16, que deixará o papado em 28 de fevereiro.
Segundo as regras em vigor, a eleição do novo papa pode ser realizada a partir de 15 de março, para dar aos cardeais o tempo suficiente para chegar a Roma e participar da decisão.

Mas o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que está sendo examinada a possibilidade de mudar essa regra. O sucessor de Bento 16 será escolhido por um conclave de 117 cardeais durante uma eleição secreta na Capela Sistina.

DURAÇÃO
O processo de escolha do sucessor de Bento XVI, que renuncia ao pontificado no próximo dia 28, pode levar horas, dias e até meses. No passado, houve casos em que a eleição de um novo papa levou mais de dois anos e meio. Para especialistas, é imprevisível dizer quanto tempo durará o conclave – quando os cardeais se reúnem para a eleição do papa. Após a morte do papa Clemente IV, o conclave durou 33 meses – de novembro de 1268 a setembro de 1271 –, pois não se chegava a um consenso para eleger o sucessor.

A eleição depende de dois terços do total de cardeais, que são os eleitores presentes. Pelo menos 117 estarão aptos a votar, mas alguns podem não comparecer. O clima de mistério cerca o processo até o último momento, quando é revelado o nome do sucessor.

“É leviano fazer qualquer afirmação sobre prazos, pois todo o processo é muito novo”, diz Paulo Bosco, professor de direito canônico da Universidade Católica de Brasília (UCB). “Não é possível prever. Ninguém sabe o que pode ocorrer”, ressalta o padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor da Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

No caso do processo de sucessão de Clemente IV, foi necessário que uma das autoridades, seguindo os conselhos de São Boaventura, fechasse os cardeais no Palácio dos Papas, na cidade italiana de Viterbo, para pressionar pela busca de consenso. A porta da sala de reuniões foi fechada, os religiosos tiveram a alimentação suspensa e o local onde estavam foi destelhado.

Depois dessa pressão, foi escolhido o papa Gregório X (1271-1276). Antes, porém, a Igreja Católica Apostólica Romana chegou a ficar três anos, sete meses e um dia sem papa. Foi entre 26 de outubro de 304 e 27 de maio de 308, na sucessão de Marcelino II para Marcelo I.

Segundo a Arquidiocese de Brasília, até 1958, os votos dos cardeais eram queimados depois de cada eleição. Na época, os votos eram misturados com palha úmida para se transformar em fumaça da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. A cor escura da fumaça indicava aos fiéis que aguardavam na Praça de São Pedro que o papa ainda não tinha sido escolhido. Atualmente o processo para escurecer ou dar a cor branca à fumação é químico. A fumaça branca indica que o papa foi eleito.


Igreja entra em nova etapa, diz professor de direito canônico

Brasília – A Igreja Católica Apostólica Romana inicia uma nova etapa no dia 28 deste mês, quando o papa Bento XVI, de 85 anos, renuncia ao pontificado. Segundo o professor de direito canônico Paulo Bosco, da Universidade Católica de Brasília (UCB), há uma necessidade latente de renovação na Igreja, mas ocorre em meio a uma série de expectativas sobre o sucessor de Bento XVI. Segundo o professor, o próximo papa deve ser, sobretudo, um “agregador”.

“É uma nova etapa da Igreja que se inicia sob o ponto de vista da esperança, pois há uma necessidade de renovação”, disse Bosco à Agência Brasil. “O papa é o sucessor de São Pedro, aquele que deve saber lidar com a diversidade e ser agregador. Deve ter também o poder de congregar”, ressaltou.

O processo de escolha do novo papa começa imediatamente após a renúncia. O padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor da Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), explicou que esta fase inicial é chamada de período de conversas prévias. Pela legislação que rege a eleição, há um prazo de 15 dias para esperar pelos ausentes até que comece o conclave, o que deve ocorrer de 15 a 20 de março.

No conclave, estarão representados os cinco continentes: Europa, com 61 cardeais; América Latina, com 19; América do Norte, com 14; África, com 11; Ásia, com 11; e Oceania, com um. Os países que têm mais cardeais eleitores são a Itália, com 28, os Estados Unidos, com 11, a Alemanha, com seis, o Brasil, a Espanha e a Índia, com cinco cada um.
Corrêa Lima lembra que, durante o conclave, os cardeais ficam isolados e que a votação ocorre também de maneira sigilosa. No momento de votar, em um pequeno pedaço de papel retangular, no qual está a frase Eligo in Summum Pontificem (Elejo como Sumo Pontífice), o cardeal deve escrever na parte inferior, procurando disfarçar a letra, o nome do seu candidato.

Caso não haja acordo depois de três dias, estabelece-se prazo de 24 horas de interrupção para oração. O período de um dia é chamado de reflexão espiritual. Em seguida, são retomadas as votações. Sem êxito, após um período máximo de nove dias, os cardeais eleitores serão convidados a dar sua opinião sobre o modo de proceder em busca de consenso.

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