Cidades

Usuários denunciam atendimento precário

Usuários aguardam atendimento no SAM; na segunda-feira, média de espera chegou a oito horas

 

IPATINGA – Longas filas, tempo médio de espera de seis a oito horas para agendar cirurgia, demora para realização de exames básicos, falta de informação e de funcionários. A situação foi constatada pelo DIÁRIO POPULAR depois que a reportagem recebeu reclamações de usuários atendidos no Serviço de Autorização Médica (SAM) da Prefeitura de Ipatinga. A unidade, responsável pela marcação de exames específicos e procedimentos cirúrgicos, funciona na rua Euclides da Cunha, no bairro Cidade Nobre. Os relatos colhidos retratam a indignação das pessoas pelas dificuldades encontradas para exercer o direito à saúde.
É o caso do policial militar Miquéias Costa Alves. Ele foi fazer um favor para a sogra. “Já é a segunda vez que eu preciso vir aqui. A minha sogra não tem condições de vir aqui e esperar tanto tempo. Na primeira vez que vim, não consegui ser atendido”, diz. Miquéias chegou ao SAM às oito horas da manhã e, duas horas depois, ainda não havia conseguindo pegar a senha para ser atendido. “Já são 10 horas e eu ainda estou aqui na fila. Tem aproximadamente doze pessoas na minha frente. E eu não sei mais quanto tempo eu terei que esperar”, completou o militar.
A dona-de-casa M.N.A., que preferiu não se identificar porque “precisa do serviço e teme uma retaliação”, contou que já chegou a presenciar brigas físicas no local. “Isso aqui está uma confusão! Na segunda-feira (27), o tempo de espera na fila chegou a oito horas para as pessoas pegarem a senha. E quem conseguiu acabou brigando porque não tinha ninguém para atender. E no calor da confusão as pessoas chegaram a entrar em atrito”, revelou.
O militar Miquéias relata que viveu uma situação parecida. “Cheguei aqui e estava tudo muito desorganizado. Ninguém sabe nos informar em qual fila temos que esperar para pegar a senha. Cada pessoa que precisa de atendimento tem que se virar sozinha para ter acesso às informações”, disse.
Outra reclamação dos usuários é a falta de funcionários para prestar atendimento no SAM. “Só existe um guichê para liberar a senha e para prestar atendimento prioritário. Ou seja, se no dia tiver 50 idosos, por exemplo, a gente não consegue ser atendido. Eles deveriam disponibilizar mais um guichê para atendimento”, considerou Miquéias.

Confira o que dizem os usuários:

“Isso aqui está uma confusão! Na segunda-feira (27), o tempo de espera na fila chegou a oito horas para as pessoas pegarem a senha. E quem conseguiu acabou brigando porque não tinha ninguém para atender. E no
calor da confusão as pessoas chegaram a entrar em atrito”.

“Eu sei de gente que eles chamaram depois que a pessoa morreu, mas aí não adianta mais”.

“A gente já sabe que as coisas na cidade estão sendo mal administradas. E a saúde tem sofrido com tudo isso. E enquanto continuar faltando verba e faltando médicos, o povo que se dane não é mesmo?”.

 


Serviço da Autorização Médica funciona no bairro Cidade Nobre, e é responsável pela marcação de exames especializados e cirurgias

 

Espera por cirurgia chega a dois anos
Ipatinga
– A insatisfação das pessoas que precisam utilizar o Serviço de Autorização Médica (SAM) vai além do tempo de espera nas filas. Usuários que já foram atendidos no SAM aguardam muitos anos para conseguir realizar procedimentos cirúrgicos.
Existem casos de pessoas que morrem esperando ser chamadas. Foi o que contou um rapaz que está aguardando uma cirurgia no olho esquerdo há mais de um ano. “O meu caso é de urgência, mas nem assim o atendimento é rápido. Eu consegui apenas marcar a perícia até agora e eles me informaram que não tem previsão de quando a minha cirurgia vai sair. Eu sei de gente que eles chamaram depois que a pessoa morreu, mas aí não adianta mais”, revelou o rapaz, que não quis se identificar por medo de que ao revelar o nome pudesse prejudicar o andamento da marcação da cirurgia.

Descaso
A dona de casa Izabel Cristina Ribeiro aguarda uma cirurgia vascular há dois anos. “Eu consultei primeiro na policlínica e tudo começou errado. Porque o médico que me atendeu, o doutor Charles, me tratou com ignorância. E depois quando ele percebeu que eu estava consultando, mas ia fazer a cirurgia pelo SUS ele me tratou pior ainda porque ele queria que eu fizesse a cirurgia particular com ele”, contou Izabel.
Ainda de acordo com ela, o médico disse que não ia colocar urgência no encaminhamento que entregou. “Ele ainda teve a coragem de falar bem assim comigo: ‘E não adianta pedir pra colocar urgência porque eu não vou colocar não.’ Isso tudo com muita grosseria. Aí fui informada que eles iam entrar em contato quando fosse a hora de fazer os exames preparatórios, mas até hoje ninguém me ligou. É um verdadeiro descaso com a gente”, disse a dona de casa.


Atendimento

Izabel Cristina informou que recentemente foi até o SAM para saber se havia previsão para a sua cirurgia. “Eu precisei ir lá por outro motivo e aproveitei e levei o meu papel da cirurgia. Aí um rapaz me informou que talvez esse ano eu seja chamada. Porque eles começaram a atender as pessoas de 2009 e o meu papel é de 2010. Eles explicaram que a média é atender 20 pessoas a cada três meses”, contou Izabel.
Já o rapaz que precisa operar o olho disse que não foi informado sobre o prazo de espera. “O problema é que eu tenho uma hemorragia constante na parte interna e os médicos já me falaram que a cada vez que sangra eu perco um pouco da visão. Eu vou ter que continuar esperando até que a saúde em Ipatinga melhore”, afirmou.
Izabel considerou o problema um reflexo da má administração municipal. “A gente já sabe que as coisas na cidade estão sendo mal administradas. E a saúde tem sofrido com tudo isso. E enquanto continuar faltando verba e faltando médicos, o povo que se dane não é mesmo?” concluiu Izabel Cristina.


Há quase dois anos dona de casa aguarda a realização de uma cirurgia vascular

 

PMI anuncia ampliação de exames laboratoriais
Ipatinga
– A Prefeitura anunciou que está ampliando a capacidade de atendimento para exames laboratoriais. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a partir de agora o laboratório municipal, que funciona no Hospital Municipal Ipatinga (HMI), no bairro Cidade Nobre, está apto a receber os materiais recolhidos em todas as Unidades de Saúde. A medida foi possível graças ao processo de descentralização de coleta. Apesar das mudanças, o governo municipal mantém convênios com clínicas particulares para a prestação deste tipo de serviço.
Antes, os exames de sangue, fezes e urina dos moradores de Ipatinga eram realizados em algumas Unidades de Saúde, tais como Bethânia, Vila Celeste, Limoeiro e Bom Retiro. Com as novas alterações no procedimento, o serviço é oferecido agora nas Unidades de Saúde dos bairros Bethânia I, Vila Celeste, Limoeiro, Jardim Panorama, Hospital Municipal Ipatinga, Bom Jardim II, Veneza 1 e Bom Retiro, seguindo uma tabela estabelecida de acordo com a unidade de referência mais próxima do morador.
“A porta de entrada para a realização dos exames laboratoriais continua sendo a Unidade de Saúde mais próxima da casa do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Após uma consulta é constatada ou não a necessidade de um exame mais específico. As próprias unidades já receberam informações sobre os novos procedimentos e estão preparadas para atender os pacientes”, explicou Arlen Marcos Ferreira, secretário Municipal de Saúde.
Conforme Nara Canedo, diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Prefeitura de Ipatinga, os servidores municipais deverão comparecer aos locais indicados como referência e realizar os exames. “Os resultados serão encaminhados às Unidades de Saúde de origem do paciente. Cerca de 72 horas depois, a pessoa receberá o resultado dos exames na própria unidade de referência”, disse.


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