Cultura

Um retrato da sala de aula

(*) Walber Gonçalves

A educação foi e é um divisor de águas para vários países. Não é mais novidade para ninguém que sem uma educação de qualidade nenhum país alcançara índices aceitáveis de qualidade de vida.

Todavia, a questão é muito mais complexa do que simplesmente oferecer um ambiente escolar. É preciso que da escola saiam pessoas de qualidade, capazes de resolver os problemas da própria vida, bem como os intermináveis e desafiantes dilemas do país. E não há outro caminho, ou verdadeiramente nos educamos ou continuaremos fadados ao caos social no qual estamos inseridos há séculos.

E para isto acontecer, entre tantos outros desafios que envolvem a educação, devemos encarar de frente o que acontece numa sala de aula. Sou capaz de afirmar que a grande maioria das pessoas que não está ligada diretamente ao ambiente escolar, nem imagina o que se passa numa escola. Literalmente vivemos um momento turbulento na educação brasileira, nossas salas de aula beiram uma anarquia generalizada, com raras exceções. Nossa educação é um mundo do faz de contas.

Pouquíssimos são aqueles que de fato podemos chamar alunos, infelizmente, a grande maioria é simplesmente frequentador da escola. Não quer absolutamente nada daquilo que se refere ao ato de aprender. A indisciplina se generalizou nas salas de aula, gastamos mais tempo combatendo a indisciplina do que ensinando. Infelizmente, as diversas salas de aula refletem todos os problemas que permeiam a sociedade brasileira.

A sala de aula é uma reprodução real da nossa sociedade, nela observamos tudo, e neste contexto não há criatividade didática que dê conta. Ensinar para quem não quer aprender torna-se uma missão que beira o impossível. E vou além, nossos alunos apresentam tantas outras prioridades, provenientes do mundo em que vivem, que a escola parece não fazer sentido para eles.

A violência física ou verbal é uma constante; há uma falta de interesse total nas atividades escolares; enfim, vivemos um modelo falido de educação. Positivamente enchemos as escolas e popularizamos a educação, mas ainda não conseguimos dar o próximo passo que é qualificar nossas ações.

No Brasil, volto a repetir, com raras exceções, pois sabemos que elas nos mostram que há uma humilde luz no fim do túnel, a sala de aula nada mais é do que uma fabriqueta de analfabetos funcionais, que se orgulha por ter um diploma, enganam-se profissionalmente e pouco se importam se realmente sabem alguma coisa.

Quando a sala de aula é abandonada, o que acontece constantemente no Brasil, pode-se pensar em tudo, mas provavelmente nada de concreto vai acontecer. Continuaremos a viver aquele velho jargão: “O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”. Triste é ver os poucos alunos que querem no meio dessa baderna toda. Haja força de vontade para tentar nadar contra a maré!

(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

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