“Para o bem da Lava Jato, o senhor não deveria se defender usando a Lava Jato, porque o senhor mais do que ninguém coloca a Lava Jato em risco”, diz Freixo
O deputado Marcelo Freixo, do Psol do Rio de Janeiro, também foi uma “pedreira” que Moro teve que enfrentar na audiência conjunta da Câmara.
A íntegra da intervenção de Freixo é a seguinte:
“Queria que o senhor me respondesse, em tese, sua opinião sobre um juiz que tenha a seguinte prática: Que opinião o senhor tem sobre um juiz que aconselha uma parte? O que o senhor acha de um juiz que peça para uma parte emitir uma nota à imprensa (quero sua opinião como juiz)? O que senhor acha de um juiz que recebe informações informais sobre um processo e repassa para uma parte sem registrar nos autos? Qual sua opinião sobre um juiz que sugira uma testemunha a uma parte pelo Telegram e que não coloque nos autos? O senhor conhece algum juiz que já tenha feito isso? Qual a sua opinião sobre um juiz que faça isso? O sr. acha que um juiz como esse pode provocar vertigem na democracia?
Este é um ponto objetivo para o qual eu queria respostas objetivas, ministro, por favor.
Acho grave quando o senhor utiliza os resultados da Lava Jato para justificar como elemento de defesa o que hoje se questiona sobre sua conduta como juiz. Não há nada melhor para a Lava Jato que o senhor seja investigado. Para o bem da Lava Jato, o senhor não deveria se defender usando a Lava Jato, porque o senhor mais do que ninguém coloca a Lava Jato em risco. E falo isso com tranqüilidade porque o senhor sabe que no RJ a Lava Jato chegou a lugares que eu tinha denunciado 5 anos antes. As falcatruas e esquemas do Cabral – quando na época o Bolsonaro ainda o apoiava – eu denunciei no Ministério Público, que arquivou e a Lava Jato chegou, inclusive, no próprio procurador da época. Então, fico muito tranqüilo de falar sobre isso. O senhor, ao fazer a justificativa de suas atitudes que tenha sido feito ou não, porque o senhor não lembra, usando a Lava Jato, o senhor cria uma cultura de que os fins justificam os meios e isso é grave, ministro! É muito grave para a democracia, criar esse elemento, criar essa cultura, o sr. não pode defender a idéia de que um juiz pode se comportar de uma maneira ou outra dependendo do réu. E eu não estou falando do réu A, B ou C, não interessa. Estou falando conduta ética e legal de um juiz. E minha última questão senhor ministro, existe a possibilidade de algum áudio? O senhor lembra de ter conversado com alguém da Lava Jato? O senhor lembra disso ou não lembra?”
