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The Intercept diz que Moro quer desviar foco e criminalizar denúncias

(DA REDAÇÃO) – O site The Intercept Brasil comentou nesta quinta-feira a prisão pela Polícia Federal de supostos hackers que invadiram o celular do ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio, do procurador Deltan Dallagnol e outras autoridades. Segundo o site “grande parte das notícias já publicadas na imprensa se limitaram a reproduzir informações vazadas de fontes da PF”, The Intercept relembra editorial em que alertava sobre a estratégia de desqualificar os diálogos divulgados pela Vazajato.

ESTÍMULO À CONFISSÃO

“A tentativa de ligar supostos hackers ao nosso trabalho é mais um entre tantos ataques desde que começamos a publicar a série ‘As mensagens secretas da Lava Jato’. Nós alertamos em editorial publicado em 15 de julho que esta era a estratégia do ex-juiz Moro e dos membros da força-tarefa diante da abundância de provas da autenticidade do material obtido pelo Intercept. Dizia o editorial: ‘Diversas fontes disseram ao Intercept ao longo dos últimos dias que a Polícia Federal, durante o afastamento do ministro Sergio Moro, está considerando realizar essa semana uma operação que teria como alvo um suposto ‘hacker’, que hipoteticamente seria a fonte do arquivo. Esse suposto hacker seria estimulado a ‘confessar’ ter enviado o material ao Intercept e o adulterado”.

The Intercept diz ainda que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas. O sigilo de fonte é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988”.

ABAFAMENTO

Conforme o TIB, “Moro e seus aliados querem abafar as revelações da #VazaJato, desviar o foco da sociedade e deslegitimar o jornalismo sério e contundente”.

“Desde a primeira reportagem publicada foram muitas as tentativas de criminalizar o que fazemos. Promotores foram a público pedir a prisão dos profissionais que trabalham com o material da #VazaJato, disseminou-se a informação de que esses profissionais seriam alvo de investigações ilegais. Eles mentiram — e foram desmentidos inúmeras vezes — sobre a veracidade do material”.

INQUÉRITO

O site critica ainda o fato do ministro Sérgio Moro comentar o inquérito sobre a prisão dos hackers, que está em andamento. Ainda não está comprovado que as informações obtidas pelos hackers são as mesmas publicadas pelo The Intercept.

“[…] Moro, apesar de o inquérito da Polícia Federal estar em andamento, precipitou-se e publicou no Twitter que os supostos hackers presos seriam a nossa fonte — uma declaração que foi contrariada por um delegado graduado da PF para nosso colega Rafael Moro Martins, em Brasília. Além disso, alguém passou o dia inteiro vazando informação para O Antagonista, que publicou tudo com alegria e sem qualquer questionamento. Tempos estranhos esses em que um ministro da Justiça comenta sobre investigações em andamento, investigações nas quais, aliás, ele tem interesse direto”.

AMEAÇAS

“A deputada Joice Hasselmann – prossegue o The Intercept –, por sua vez, não teve pudor ao atacar Glenn Greenwald e insinuar que algo aconteceria com um jornalista que exerce seu direito de noticiar livremente. O mesmo foi feito pelo deputado Filipe Barros que foi a público pedir apreensão do passaporte de Glenn e sua família”.

INDEFENSÁVEIS

“As condutas de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e da força-tarefa demonstrada nas reportagens da #VazaJato são indefensáveis. E com essa afirmação concordam diversos analistas independentes, juristas, jornalistas e (ex-) apoiadores da Lava Jato. Constatada a inegável autenticidade do material e a gravidade do que foi revelado não restou outra estratégia aos envolvidos: decidiram afirmar que somos ‘aliados de criminosos’ e criminalizar o ato de noticiar. Seu exército de bots nas redes sociais tratou de disseminar essa mentira”.

CORTINA DE FUMAÇA

Para o The Intercept, a estratégia de Sérgio Moro, da Lava Jato e do governo é criar uma “cortina de fumaça” para desviar o foco da questão principal, que são os diálogos entre juízes e procuradores para condenar réus da operação anti-corrupção.

“Enganar os cidadãos, desviar o foco do debate público que realmente interessa (os abusos cometidos pela operação Lava Jato) e atacar jornalistas são golpes baixos com implicações sérias. Os ataques contra a #VazaJato, na realidade, não têm apenas o Intercept como alvo. Mas toda a imprensa autônoma e aqueles que prezam pela democracia”.

Finalmente, o site afirma que não será intimidado pelas acusações feitas pelo governo e pela Lava Jato: “Nós continuaremos fazendo exatamente o que essa galera mais teme: exercendo nosso trabalho com o rigor jornalístico que sempre pautou nossa redação. Ele é instrumento essencial em qualquer democracia e só existe com independência, coragem e transparência. Suas táticas de intimidação não vão abafar a verdade”.

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