Nacionais

Teorias conspiratórias sobre o entreguismo, soberania e petróleo

Fernando Benedito Jr.

A política externa brasileira nos marcos delimitados pelo golpe de 2016, entre eles, o alinhamento incondicionais e a absoluta subserviência aos interesses norte-americanos, ficam cada vez mais evidentes à medida em que o tempo passa e o distanciamento histórico permite uma leitura mais nítida da situação. Enquanto a direita imbecilizada reproduz falsas informações, ilações e burrices sobre a doação das minas de gás bolivianas aos bolivianos (na verdade uma nacionalização levada a termo pelo governo de Evo Morales); a doação do BNDES ao Porto de Mariel, em Cuba; o apoio do PT ao governo da Venezuela; etc –, o governo Temer entrega o que resta de riqueza do País à Shell e Exxon, sem que nada digam – aliás, a direita brasileira é a única do mundo que pouco se importa com o nacionalismo, embora tenha a mania de desfraldar a bandeira e falar de “pátria” sempre que ouve a palavra Lula. Enquanto brasileiros morrem nas filas de UPAs e hospitais por falta de atendimento médico, esbraveja a corja de mulambos mentais contra os médicos comunistas cubanos do programa Mais Médicos. Em sua esplêndida ignorância a direita bolsonarista-nacionalista-entreguista-fascista constrói altares para Sérgio Moro enquanto o juiz da Suprema Corte de Curitiba condena sem provas, prende sem direito à presunção da inocência, viola a Constituição e recebe prêmios nos EUA pelos relevantes serviços prestados. Ao lado de Dória, metido em terno e gravata borboleta, parece escarnecer dos reles mortais, que o aplaudem.

Vai passando o tempo e as coisas vão clareando. A história vai assumindo seus contornos com inconfessáveis narrativas que nem os mais ilustres delatores seriam capazes de criar no afã de salvar a própria pele. A história vai juntando cacos. São delações que nada delatam, mas servem para prender o inimigo. A subserviência dos capachos aos interesses norte-americanos se escancara, enquanto crianças imigrantes brasileiras são separadas dos pais e colocados em versões infantis de Guantánamo, sem o que o governo brasileiro nada diga. As visitas constantes do juiz da Lava Jato ao Tio Sam não parecem ser apenas viagens para compras em Miami ou Nova York. É como se pedisse a benção ou perguntasse se tudo está indo de acordo:

– Precisam de mais alguma coisa, senhores? – diria.

O vice-presidente do EUA, Mike Pence, durante declaração à imprensa, no Palácio Itamaraty

Tais teses são divagações conspiratórias. Mas as declarações do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, durante visita ao golpista Michel Temer no Palácio do Planalto, são reais:

– O Brasil liderou esforços para expulsar a Venezuela do Mercosul, uniu-se aos EUA para suspender a Venezuela da OEA [Organização dos Estados Americanos]. Agora, chegou a hora de agir com mais firmeza, e os EUA pedem ao Brasil e às outras nações mais atitudes contra o regime de Maduro – foi o que disse Mike.

Depois, o humilhado e pisoteado governo brasileiro, na pessoa do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira,  cabisbaixo, tentou se esquivar dizendo que a posição dos EUA e Brasil sobre a Venezuela não coincidem. Talvez não, mas o fato da Venezuela ser o único país da América Latina a integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), diz muito sobre os interesses norte-americanos em relação a Nicolas Maduro e a Venezuela. Assim como tinham muito a ver com o pré-sal no Brasil. Teorias de conspiração à parte, o golpismo parece ser uma nova forma de intervencionismo norte-americano diante do retumbante fracasso das guerras no Oriente Médio, onde tentam de outra forma – a de “combate ao terror” –, manter o controle sobre a produção mundial de petróleo.

Enquanto isso, grande parte da classe média e dos pobres desavisados e incautos, repetem o mantra da Globo e da mídia alinhada, sobre a corrupção de Lula no caso do Triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia.

Que seja…

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