Cidades

Silveira derruba Nardyello e coloca Rosângela em seu lugar

Rosângela e Nardyello posam para foto encaminhada à imprensa, que selou “acordo”: presidente da Câmara construiu projeto e apoios em torno de sua candidatura e foi pressionado a entregá-la

 

IPATINGA – A deputada estadual Rosângela Reis, do PV, será candidata a prefeita em Ipatinga nas eleições de outubro. O presidente da Câmara, Nardyello Rocha, do PSD, será o vice. A “troca” foi uma imposição do Governo do Estado, capitaneada pelo secretário de Estado de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira, também do PSD. Silveira articulou a derrubada da candidatura de seu correligionário, de modo que Rosângela pudesse usufruir dos apoios angariados pelo vereador, muitos deles obtidos com a intervenção do próprio Estado. O objetivo de Silveira, mais uma vez, é compor uma chapa única para enfrentar o Partido dos Trabalhadores.
Nardyello bem que tentou resistir às pressões, que começaram no início da semana. Ele chegou a negar em entrevistas que abriria mão de sua candidatura, mas uma “conversa” no final da tarde ontem (29), diretamente com o secretário, aliada a uma ordem direta do Estado para ceder a “cabeça de chapa”, fizeram com que finalmente o vereador cedesse e concordasse em ser candidato a vice.

“NEGOCIAÇÕES”
Nardyello Rocha anunciou sua candidatura no dia 9 de maio. O presidente da Câmara só fez o primeiro movimento para consolidar seu nome após conversas com a deputada, em que Rosângela garantiu que não seria candidata. Após o lançamento de sua pré-candidatura, o vereador articulou uma série de apoios para sua empreitada eleitoral, que passou a chamar de “exército da vitória”. Desde então, nove partidos se aliaram ao presidente do Legislativo. Primeiro, a vice-prefeita, pastora Márcia Perozini, levou o PSC. Juntaram-se a Nardyello ainda o PR, o PSB, o PP, o PTB, o PMDB, o PDT, o PSDB e o DEM.
Muitos dos apoios inclusive foram costurados na esfera estadual. Foi o caso do PSB, presidido por Fabiano Moreira, e do PMDB, do ex-prefeito Sebastião Quintão. Já a aliança com o PTB foi garantida graças à “tomada” do partido, que estava sob o comando de Maurício Mayrink, secretário de Educação de Robson Gomes (PPS) e então apoiador de sua reeleição.
Por usa vez, o PV estava com conversas adiantadas com o Partido dos Trabalhadores. Tanto que ainda não há definições quanto ao posto de vice dentro do PT. Rosângela Reis vinha negociando com Cecília Ferramenta a possibilidade de indicar seu companheiro de chapa para selar a aliança com o PV.
No entanto, o novo quadro começou a ser desenhado no início da semana, quando Rosângela Reis “mudou de ideia” e resolveu pleitear a candidatura. Melhor posicionada nas pesquisas de intenção de voto, obteve o empenho de Silveira em sua empreitada.

COVENÇÕES PARTIDÁRIAS

As convenções partidárias para composição das coligações, segundo determinação da Justiça Eleitoral, devem ocorrer até este sábado, dia 30. As convenções dos principais partidos em Ipatinga estão previstas para começar no meio da tarde e se estenderão até tarde da noite. Com a definição desta sexta-feira, os partidos até agora anunciados como apoiadores de Nardyello terão que se coligar majoritariamente com o PV, e não mais com PSD. Como a articulação política é em torno do projeto capitaneado por Silveira, a tendência é de que não haja mudanças e todos sigam apoiando Rosângela Reis. No entanto, conforme apurou a reportagem, pelo menos três partidos da frente teriam encontro com os filiados para reavaliar a situação. O PMDB é uma das legendas que se reuniria na noite de ontem para discutir o caso. Em conversa com a reportagem, o peemedebista Jesus Nascimento adiantou que o acordo da agremiação é com Nardyello e confirmou que o novo quadro carece de novos debates.


Nardyello Rocha anuncia aliança com a pastora Márcia, o primeiro de uma série de apoios: o vereador tentou se desvincular de Silveira, mas acabou atropelado por ele

 

Qualquer semelhança com 2010 não é mera coincidência
Ipatinga
– A frente suprapartidária composta inicialmente em torno de Nardyello Rocha – e agora da deputada Rosângela Reis (PV) – foi articulada pelo secretário de Estado Alexandre Silveira.
Assim como em 2010, nas eleições extemporâneas vencidas pelo atual prefeito Robson Gomes, então no PPS, mesmo partido de Silveira à época, o secretário está aglutinando todas as forças políticas para enfrentar o PT da candidata Cecília Ferramenta.
Não só os mesmos partidos foram aliados de Silveira na vitória do PPS em 2010 como, em muitos casos, os apoios estão personificados nos mesmos presidentes que apertaram as mãos de Robson e do então deputado em “prol de um projeto melhor para Ipatinga”.
Em 2010, a pastora Márcia Perozini foi anunciada vice de Robson e o PSC compôs a chapa majoritária com o PPS. O DEM, presidido pelo médico Juliano Nogueira, integrou a frente e foi secretário de Saúde no Governo Robson – chegou inclusive a ter seus bens bloqueados pela Justiça. O PR foi representado pelo presidente Neudi Dalla Vechia – em 2012, o segundo partido a declarar apoio a Nardyello. Neudi também foi secretário de Planejamento do Governo Robson.
O mais emblemático dos casos – de “esquecer as divergências em prol da cidade” – foi da aliança com o PDT, do sindicalista Luiz Carlos Miranda. Na época em que se uniu a Robson Gomes, em mais uma articulação costurada por Silveira – Miranda e o atual prefeito eram adversários políticos declarados. Assim como são – ou eram até semana passada – Miranda e Nardyello Rocha.
Os mesmos nomes agora se aglutinam em torno da candidatura de Rosângela Reis – com a condução declarada do secretário de Estado, que está interferindo não só nas articulações em Ipatinga como também em Fabriciano e Timóteo (leia na página 4).

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