Policia

Rebelião causa morte, feridos e interdita masmorra do Ceresp

Numa cena que lembra o Carandiru, presos são colocados nus no pátio após o fim da rebelião: presídio é interditado e presos transferidos


IPATINGA
– Pelo menos 450 dos 549 presos que estavam na masmorra do Ceresp foram transferidos para outras unidades prisionais do Estado. Os detentos foram remanejados em veículos de transporte de presos que saíram de Belo Horizonte. Outros foram levados por camburões do sistema prisional e da Polícia Militar.  A transferência dos presos foi confirmada em nota no fim da tarde desta segunda-feira (19) pela Secretaria de Administração Prisional (Seap), que não informa para onde os presos são levados por medida de segurança.

Administração Prisional (Seap), que não informa para onde os presos são levados por medida de segurança. No comunicado, o órgão disse ainda que providências serão tomadas em relação aos danos causados na unidade. Sobre a motivação da rebelião a secretaria não se manifestou.

A interdição das masmorras tornou-se inevitável uma vez que grande parte do presídio foi destruída durante a rebelião. Os detentos iniciaram a rebelião quebrando aleatoriamente as celas na tentativa de efetuar uma fuga em massa. Presos de outras galerias aderiram ao movimento e começaram a quebrar as paredes. Um preso foi morto a tiros e outros oito ficaram feridos, sendo socorridos ao Hospital Márcio Cunha.

MORTE
A rebelião no Ceresp começou por volta de 2h da madrugada de ontem. Após conseguirem sair das celas, os presos tomaram o pavilhão do presídio. Agentes penitenciários usaram todos os tipos de armamento. A Polícia Militar foi acionada. Houve muito tiroteio e colchões queimados. Ainda pela manhã era possível ouvir os estampidos.

Áudios de conversas entre agentes penitenciários vazaram nas redes sociais e mostram o desespero dos funcionários diante da situação. O confronto entre agentes, PMs e presos terminou na morte de um detento. Segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Ipatinga, Eduardo Henrique de Souza, 24 anos, foi baleado com dois tiros nas costas por uma pistola .40. Não há informação de onde saíram as balas que mataram o detento.

Ana Luiza Moura, esposa de Eduardo, pede justiça pela morte do marido. “E agora o que resta é a Justiça. Porque o que eles fizeram com o meu marido foi muito errado. Os presos viraram a cadeia por causa dos agentes penitenciários, que tratam a gente como uma cachorra. A gente vem aqui porque os presos têm família. Meu marido tinha eu e minha filha”, chorou.

TRUCULÊNCIA
A confusão atingiu diretamente os familiares dos presos, que permaneceram próximo à unidade por mais de 12 horas em busca de informações. Policiais militares fizeram uma barreira a cerca de 300 metros da porta da cadeia. Nem parentes, advogados ou a imprensa conseguiram se aproximar da unidade.

Mas do local dava para ver nuvens de fumaça resultante da queima de colchões. Durante as horas que se estendiam foi possível ver a entrada do SAMU, Corpo de Bombeiros, viatura da Polícia Civil e o carro da funerária. Os parentes entraram em desespero, sem notícias dos detentos.

Quando todos os carros retornaram do presídio, algumas mulheres se amotinaram em volta do carro da funerária na tentativa de obter informações. Para conter os parentes, um policial militar jogou spray de pimenta nas mulheres para que elas se afastassem das viaturas. Houve pânico, gritos de dor e pedidos de justiça.

A QUEDA DA MASMORRA

A rebelião no Ceresp era questão de tempo. A unidade tem capacidade para 182 presos e já chegou a abrigar 750 detentos. Por causa disso, no ano passado, por meio de uma ação do Ministério Público, o Ceresp não pode receber mais nenhum preso. Desde então, as pessoas detidas em flagrante em Ipatinga são encaminhadas para a penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba.

No início deste ano, uma fuga frustrada no Ceresp terminou em um ônibus incendiado no bairro Planalto. No ano passado, por ordem de presos do Ceresp, criminosos atearam fogo em três ônibus em diferentes locais em Ipatinga.


Mulher é atingida no rosto por spray de pimenta ao tentar barrar o carro da funerária

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