Cidades

Protesto contra Governo Robson termina com 3 feridos e um detido

Ferido é atendido, ainda na porta da Prefeitura, pelo SAMU: cães utilizados na ação policial causaram os ferimentos    (Fotos: Nadieli Sathler)

 

IPATINGA – O ato público contra o governo Robson Gomes (PPS), marcado para a manhã desta sexta-feira (4), levou mais de 2 mil pessoas até a Praça dos Três Poderes, durante a mobilização.
A concentração, marcada para as 6h30, foi atendida e os trabalhadores da educação, creches, saúde, movimento da terceira idade e outros setores que vêm sofrendo com a inadimplência do atual gestão compareceram em peso.
Com fitas zebradas, os manifestantes intitulados ‘Polícia Popular’ interditaram o prédio principal da Prefeitura de Ipatinga. Além de bloquear o acesso ao edifício, foi feito um colar humano em volta da edificação para simbolizar a resistência pacífica.
Diante do volume de pessoas que aderiram ao protesto, a Polícia Militar teve que bloquear a rua Edgar Boy Rossi, via que dá acesso ao prédio da Prefeitura, e a rua Maria Selim de Sales. Mais de 30 militares foram designados para acompanhar a movimentação na praça.
A banda de portadores de necessidades especiais e funcionários da Casa da Esperança deram o tom musical ao protesto durante toda a parte da manhã, rodeando o prédio da Prefeitura e entoando músicas de ordem como: “queremos solução, e não corrupção”.
Vários servidores comissionados e integrantes do primeiro escalão do governo Robson passaram a parte da manhã no estacionamento ao lado do prédio Fórum de Ipatinga, na espera de que o movimento se desarticulasse e assim pudessem cumprir o expediente.

FALCATRUAS
De acordo Feliciana Saldanha, presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), subsede Ipatinga, e uma das organizadoras do ato público, a escolha da sexta-feira foi estratégica. “O prefeito Robson Gomes e seus secretários não podem entrar nessa Prefeitura na sexta-feira, porque é no último dia da semana que as principais armações são feitas. As armações e a ingerências com o dinheiro público. Por isso, a sociedade vem para a porta manifestar o seu repúdio”, justificou ao microfone.
A sindicalista também falou sobre o bloqueio de verbas públicas, em função de uma dívida do município com a Receita Federal. “Temos importantes verbas, que são repassadas pelo governo federal e retidas porque o governo Robson não se compromete a pagar suas dívidas com os órgãos do Governo Federal. Se a saúde já está ruim hoje, vai piorar, porque as demissões da educação virão agora para a saúde. Serão demitidos 13 médicos, pela informação que tivemos na quinta-feira. Isso é para concluir o caos que está nessa cidade”, denunciou.

POLÍCIA POPULAR
Os coletes pretos com a identificação de Polícia Popular foram uma das formas de protesto utilizadas pelos manifestantes para denotar o poder que a população possui de fiscalizar os agentes políticos.
Ao microfone, Leida Tavares, diretora do Sind-UTE, pontuou que o governo Robson deve à categoria o cumprimento de leis, pagamento de férias, salários e 13° salário. Ela ainda criticou as tentativas da atual administração de resolver seus problemas na Justiça.
“A todo tempo e momento, o que eles sabem fazer é judicializar os processos porque, infelizmente, a Justiça, na lentidão com que trabalha, acaba favorecendo aqueles que estão atentando contra o Estado de Direito”, bradou.

PROCESSOS
Além dos problemas na área da educação, Leida destacou a recente tentativa do governo Robson de conseguir na Justiça uma liminar para desbloquear as contas do município.
“Como que entra com uma liminar contra a Receita Federal acreditando que a Justiça Federal vai dar ganho de causa para uma Prefeitura que está devendo a Previdência?”, questionou.
A mesma estratégia foi usada pela administração no ano passado, quando os trabalhadores da educação fizeram greve por mais de 60 dias. A procuradoria do município protocolou ação na Justiça no terceiro dia após a paralisação.
“Levaram para a Justiça porque não tinham competência para negociar com os trabalhadores. A Vital deixou de oferecer alguns serviços porque a Prefeitura deve mais de R$ 22 milhões, o que custou o emprego de centenas de trabalhadores. No entanto, em vez de pagar a conta e negociar, chamar a empresa e falar quanto podem pagar por mês, o que eles fizeram foi levantar um documento que a empresa está dizendo que é fraudado”, citou Leida.

ÁREAS ASSISTENCIAIS
Como representante das creches e entidades da área de assistência social, o Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas (Sintibref-MG), Regional Vale do Aço, também esteve na liderança do ato público realizado ontem.
“A Casa da Esperança teve seu projeto fechado por conta da falta de vergonha na cara desse governo, que não tem ajudado a assistência social de Ipatinga. Quando falamos de mobilização, é a isso que me refiro, juntos nós somos fortes. Não vamos nos calar diante da falta de compromisso do prefeito Robson Gomes”, mencionou.
Após as falas das lideranças sindicais que articularam o movimento, foi a vez dos manifestantes fazerem uso da palavra. As mães que perderam o emprego por conta do fechamento das creches choravam ao relatar que, sem trabalhar, não tinham como sustentar a família.


A concentração em frente ao prédio da Prefeitura começou às 6h30, após articulação dos manifestantes

Manifestantes protestaram contra a incompetência do governo municipal nesta sexta-feira,
na Praça dos Três Poderes

 

AÇÃO POLICIAL DESBLOQUEIA A ENTRADA DA PREFEITURA

IPATINGA – A intenção de bloquear as entradas do prédio da Prefeitura de Ipatinga durante todo o dia de ontem pelos manifestantes acabou sendo frustrada pela Polícia Militar. A interdição, iniciada por volta das 7h, acabou cerca de meio dia, em função da ocupação da entrada de acesso ao edifício da rua Edgar Boy Rossi pelos militares.
A versão da coordenação do ato público foi que, em função da ameaça de invasão por parte da PM, os manifestantes se aglomeraram na porta que dá acesso à Praça dos Três Poderes para impedir a ação.
Após isso, a outra porta do prédio interditada ficou vulnerável e os militares acabaram se dirigindo para lá. Ao encontrar resistência dos participantes do protesto, os policiais, acompanhados de dois cães, entraram em confronto.
Três pessoas foram feridas pelo cão policial e um homem foi preso por agredir um tenente da corporação. Os machucados foram atendidos por uma ambulância do SAMU ainda no local e encaminhados para o Hospital Municipal.
As informações colhidas pela reportagem são de que o prefeito Robson Gomes (PPS), apesar de não comparecer ao Centro na parte da manhã, pediu via telefone para que a PM desarticulasse o movimento e evacuasse a Praça dos Três Poderes. A mesma solicitação foi feita pelo secretário interino de Educação, Amaury Gonçalves.

TUMULTO
Contudo, o tenente-coronel Francisco Assis, comandante do 14° Batalhão da PM, garantiu que a presença dos policiais era para dar segurança aos manifestantes. “Só que houve um princípio de tumulto quando os militares foram entrar no prédio, para conversar com os representantes da Prefeitura. A intenção da PM era intermediar uma conversa entre os manifestantes e a administração, como fazemos em situações semelhantes à ocorrida”, declarou.
O comandante ainda disse que a reação violenta do cachorro foi em função de chute que o animal teria levado no momento do tumulto, sendo necessário encaminhamento para o médico veterinário do canil.
“Foi negociada a entrada dos servidores no prédio junto à coordenação do movimento. Mas, na hora que os militares foram adentrar, houve dificuldade e foi necessário conter os ânimos. Os manifestantes estavam impedindo o direito de ir e vir dos trabalhadores e isso estava errado”, justificou.

TRUCULÊNCIA
Feliciana Saldanha, presidente do Sind-UTE, disse que a força policial era desnecessária, uma vez que a entrada dos servidores já havia sido negociada. “Foi uma ação truculenta. A porta seria aberta e não precisava dessa ação. Tudo foi feito para desviar o foco do movimento e principalmente para agredir sem que houvesse testemunhas. Ninguém assume a paternidade do ato e vamos protocolar uma representação junto à corregedoria da Polícia Militar”, informou.


Os manifestantes fecharam a porta da Prefeitura e impediram a entrada dos servidores comissionados na Prefeitura

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